quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Livre interpretação para Blasfêmia de William Blake

Tua ira se anunciará no mundo e todos os homens, pequenos, grandes, crianças ou velhas se dilataram na tristeza imensa, na sofreguidão, nada será perdoado, esquecido , sempre vilipendiado, sempre amesquinhado. Nem uma sensação, nem um sentido perdido. Tudo será rememorado pelos séculos, à culpa, o flagelo, intempéries da alma e da boca, toda sujeira revelada, nada valerá mais a pena, nem o comboio no rio nem o lago diáfano. Tu que me revelas imprescindível, tu nada serás que um eu regozijando a perda da espontaneidade, a serenidade das palavras, você não será nada, não poderá ser nada. Séculos por séculos, dias por dias, horas por horas, o mal de teu seu, agora não é mais nada que uma algaravia perdida em algum canto da floresta do eu. Querentes os homens, ai os tens. Besta tu és, um Deus nunca, somente o anunciado. 

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Pequeno caso de John Rodriguez

Estava em um bar quase cerrando as portas, eram 5 da manhã do ano de 1947, ainda estava um breu lá fora, aqui dentro um pouco mais quente, o copo um pouco mais vazio, esperava que ela ligasse ainda que soubesse que isso não iria ocorrer esta noite, A cabeça começava a latejar com o excesso de cigarro. A marca não interessa, o que interessa que estava um turbilhão de nervos, me preparava para mais um caso, era final de primavera e já se podia sentir os primeiros ares quentes dos verões extremos dessa região do continente. Ainda que continuasse com o coração partido tinha que terminar mais um trabalho para conseguir fechar as contas do mês, o governo precisa muito da minha contribuição para mandarem seus filhos passarem férias na frias montanhas na suíça, ou qualquer outro lugar sem pobres impertinentes.
                Paguei o que devia e percebi que era hora de tomar um café é ir para casa tomar um banho, Nessa manhã, uma quinta-feira, deveria seguir a mulher do meu contratante, o Sr. Jacob Reynolds, empresário da área de construção, apesar dos ganhos tremendos conseguindo contratos com o governo, não conseguia evitar que sua própria mulher a passasse a perna. Não vou muito com a cara desses engomadinhos corruptos, contudo é preciso um idiota passando fome para aceitar certos serviços sujos. Rumei para casa, me arrumei, coloquei um paletó escuro, como todos os outros, não me importava o calor que faria de dia, É preciso sempre manter-se discreto.
                Minutos depois, cerca de 7 horas da manhã estava com o carro estacionado a alguns metros da casa da Senhora que deveria seguir, já fazia este serviço a cerca de 2 semanas, e diferentemente dos livros este trabalho não é nada emocionante, Mas eu entendo o cinema, Humphrey Bogart ficaria duas horas esperando alguém, ninguém chegaria até o fim do filme, nem o caso séria resolvido, ele também precisa pagar suas dividas e suas divas. Por sorte hoje ela foi pontual, as sete e meia já saia de casa em seu Ford modelo 1947, último modelo, Tenho que admitir que ela possuía uma beleza descomunal, e uma postura incomum nas mulheres da elite de hoje, nada vulgar, porém com uma pernas que fariam os trabalhadores de sua empresa pararem para darem uma bela assobiada e algumas cantadas baratas. Continuei-a seguindo, já sábia que as quintas ela ia ao Salão de Beleza, depois disso ela iria visitar umas amigas para o almoço onde após assistirem algum filme europeu para discutirem nessas reuniões dos figurões nas sextas a noite, e talvez no sábado, É preciso muitas festas para seus maridos admitirem sua falta de virilidade. Tudo iria ocorrendo como o previsto, foi cuidar de seu belo rosto, depois foi almoçar com umas amigas em um restaurante árabe caríssimo na zona sul da cidade. Eu ficava em meu carro fumando um cigarro e comendo um sandwiche que havia esquecido no porta malas a uns dois dias atrás. A uma e meia ela já se dirigia ao cinema como de costume, contudo perto de entrar um homem bem trajado, com um paletó cinza e grava preta usando um óculos escuro se aproximou dela, parecia ser um amigo, deram um abraço e um beijo caloroso, contudo percebi que havia alguém junto com este sujeito , sabia pela prática que quando alguém estava a espreita com outro pelas faces do seu rosto, sempre espreita, tentando dar uma de segurança de mafioso de quinta categoria, Resolvi entrar no cinema, engraçado que era uma película antiga de um filme noir que vi na adolescência e me fez escolher estupidamente esta carreira, mas não vou discutir minha vida errônea agora.  Sentei-me a um par de cadeiras afastado, percebi que ele falava algo ao seu ouvido, o que poderia ser aquilo, será que este era seu amante ou coisa que valha? No meio do filme ele saiu segurando ela pelo braço, ela se encontrava muito tranqüila, seu capanga saiu junto, fiquei triste, era cena em que a personagem de Ingrid Bergman mostraria seu poderio de persuasão. Sai do cine.
                Eles começaram a rodar pela cidade, não pareciam ter uma direção certa, pensando que talvez fossem para algum lugar deserto perto das docas abandonadas, ou em algum covil em direção as áreas rurais ao oeste, na verdade foram parar na avenida central, onde estranhamente o carro encostou-se à calçada, jogando um corpo, de longe, em meio aquele congestionamento da área central pensei que a haviam matado, desci do carro e fui correndo pensando no pior, contudo ao chegar perto do corpo jogando na calçada com uma multidão gritando encontro na verdade o capanga , pelas suas bochechas flácidas avermelhadas e seus olhos saindo pela face do rosto imaginei se tratar de estrangulamento, infelizmente o carro havia partido, voltei para meu carro, contudo eles haviam despistado,  ainda que houvesse anotado a numeração do carro, sabia que era uma placa fria. Ao voltar ao cinema para ver se encontrava o carro da Sra. Reynalds , ele já não se encontrava mais lá, achei  isso uma loucura tremenda, resolvi ir para a mansão do Sr. Reynalds e avisar sobre o acontecido, Ao tocar a companhia, falei que era eu o Detetive Rodriguez , Logo o portão se abriu, entrei e esperei na sala,  para meu espanto quem me aparece não é nada mais nada menos que a Sra. Reynolds em seu lindo vestido florido branco, ela me olha por alguns segundos e diz “O que você quer”, sou direito é digo que quero conversar com o seu marido, sobre um trabalho, ela me diz diretamente “Eu sei o que você faz, sei que anda me seguindo, se afaste agora, ou será pior , muito pior para você”, fico atônito com essa revelação, como poderia ela saber algo, sou o melhor no meu trabalho, apesar de ser um dos piores para cobrar , e sempre viver no limite do aceitável para alguém como eu. Eu disse que estava de acordo, mas antes deveria conversar com o Sr. Reynolds para receber meus ordenados, ela simplesmente tirou um bolo de notas de 100 de sua bolsa e jogou em meu colo, “Não quero saber de você por aqui, acho que isso já basta, saia agora de minha casa e de nossas vidas”. Como um bom trabalhador, peguei o dinheiro, acendi um cigarro e me despedi formalmente. Contudo isso não me cheirou nada bem, aproveitei que estava dentro de sua propriedade e resolvi ir para os fundos da casa, subi em uma trepadeira sorrateiramente até o que pareceu ser o escritório do Sr. Reynolds, vendo que estava vazio ,entrei, resolvi ver se encontrava alguma pista para saber o que estava ocorrendo, abrindo as gavetas percebi que havia uma foto, mais uma surpresa, era do sujeito que entrou no cinema com sua esposa, atrás havia apenas uma sigla em quatro letras “I.K.I.T”. Ouvi barulho de alguém se aproximando do quarto, sai rapidamente pela janela e fiquei no parapeito, quando entram o Sr. e Sra. Reynolds, percebi que discutiam algo banal, quando derrepente há um silêncio e claramente se houve um barulho de disparo, espero alguns segundos e entro no quarto, contudo não a mancha de sangue nem mesmo um corpo,  resolvo sair dai e ir para meu escritório, chegando lá tomo um gole da vodka barata que fica na minha escrivaninha,  sentando na cadeira tentando compreender o que havia acontecido naquele dia, com fortes dores de cabeça ouço passos e alguém joga um bilhete por baixo da porta, vou correndo para ver quem o fez, O corredor está vazio, pego o bilhete e abro, esta uma carta simples de algumas poucas páginas que diz:

“Caro Sr. Rodriguez
Qualquer som das batidas do relógio devem ser silenciados, a cidade toda parará, então você saberá o lugar certo na hora errada”.  Isso se dará daqui uma semana, esteja pronto.
Att.
Seu amigo.

Fiquei perplexo pensando no que aquilo quereria dizer, minha vida parecia chiste barato, Resolvi tirar um pequeno cochilo no sofá velho do meu cubículo que tento chamar de meu escritório.

Acordo exaltado, dormi quase duas horas, já era noite la fora, resolvi ir no bar do joe’s tomar um copo de café e pensar sobre o caso. As peças não se encaixavam, tudo parecia ser demasiadamente confuso para min, corpos, cartas, tiros, nenhuma prova, eu poderia ir atrás disso, ou poderia ficar quieto na minha com a grana que eu recebi poderia passar alguns  meses tranqüilos, até mesmo tirar umas pequenas férias merecidas, Idiota, como eu não me conhecesse, a vida pacata é muito pouco para min, eu precisava de tudo ou nada, por isso me encontro neste buraco, que posso fazer, vou dar umas ligações talvez eu encontre algo, não antes do meu café. Enquanto tomava umas xícaras do liquido escuro com umas gotas de whisky barato, escuto uma conversa ao fundo de dois jovens desmiolados , conversavam sobre o jornal final do campeonato de baseball onde o time da cidade o X. Enfrentaria o time Y. , Joe, dono do lugar com seu mesmo nome disse-me se eu me inteirava na partida, eu disse-lhe que nada mais podia me interessar menos do que um jogo de baseball, preferia ler um livro sobre algum pederasta Frances a assistir uma partida de baseball, ele riu, disse que as apostas estavam em alta, tinha jogado 10 contra o time local,  falou sobre os jogadores, etc, etc, já estava me aborrecendo com este papo, contudo ao me dizer que daqui uma semana ele não iria abrir para poder ir ao estádio ver o jogo tive um relapso , perguntei de forma ansioso quando seria a final, ele disse-me ser daqui a um pouco mais de uma semana, no outro domingo, Assim que ele me disse isso tirei imediatamente a carta no bolso e compreendi o que ela queria dizer, neste dia da final toda a cidade iria assistir a este jogo, as ruas estariam vazias. O relógio da carta só pode ser o da estação central, era minha chance de compreender o caso, ao menos uma parte, tirei do bolso uma nota de 5 e paguei, ele disse que o café custava apenas 50cents, eu disse que se eu fosse parar no hospital ele me comprasse flores e uma caixa de bombom.

Agora não havia muito que fazer, resolvi ir para casa descansar, ao chegar atirei o paletó na cama, fui tomei uma ducha, tentei ler um pouco, mas estava muito cansado e dormi por algumas horas, contudo quando já passava das duas da manhã ela liga. “John, John, você está ai? Quem fala e Madalene, tenho recebido suas mensagens, suas ligações, não quero mais nada com você, não compreende? O que tivemos já passou, eu estive ao seu lado, mais você me trocou por seu trabalho e sua melancolia, poderíamos estar morando juntos, agora não mais, eu já não te amo, me esqueça, pare de beber e de me ligar por favor.” Eu disse apenas um sim e desliguei. Eu amava-a, talvez não chegasse a amar outra, ou de outra forma talvez, porém aquilo tinha acabado, não sei quanto whiskys , trabalhos e noites mal dormidas eu iria ainda precisar para esquece-lá, porém devia ser homem, ao menos uma vez na vida.

Os dias seguintes passaram rápido, eu ainda tentei fazer vigia em frente da casa dos Reynolds, contudo percebi que eles não saíram de casa nesse tempo todo, ainda que tenha recebido algumas pessoas.

Perto de começar o jogo me arrumei, estava um dia estranhamente frio, coloquei meu sobretudo bege e sai. Dirigi até estação central, esperei que faltassem apenas alguns minutos para iniciar a partida e entrei, fui em direção a torre do relógio, realmente a estação se encontrava vazia, do outro lado da avenida os bares estavam cheios de pessoas, resolvi me espreitar em algum lugar que não fosse tão visível, observei por algum tempo, quando por um estante vejo o Homem que entrou no cinema com a Sra. Reynalds acompanhada do próprio Sr. Reynalds, achei aquilo tudo uma tremenda confusão, que poderia ser isso?  Nunca havia presenciado tantas reviravoltas em um caso, nem mesmo quando pediram para espionar o dono de uma industrial de carrosséis. Em um estante sinto uma pancada na nuca e apago...

Encontro-me na cúpula do relógio, amarrado, Tento me desvencilhar mas é impossível, Uma a voz fala comigo “É seu patife, você não recebeu o recado de minha esposa, eu disse para que larga-se o caso, mas não, você não ouviu, pegasse o dinheiro e sumisse, mas sempre bisbilhotando, sua raça é uma das piores, detetives!”. Sei, eu também acho odiosa minha profissão, mas quem é ele para dizer alguma coisa. Argumentei dizendo que havia recebido uma carta, é não sabia de nada que estava ocorrendo, usei das minhas aulas de retórica que aprendi na universidade, uma das poucas coisas. Ele disse que já era tarde para demonstrar qualquer tipo de atitude de clemência, que eu havia visto muito é que agora iria subitamente cair daqui de cima em um ato de suicídio, dado pelas dividas e alcoolismo, Malditas pessoas jogando meus problemas nas piores horas.  Contudo esse panaca e seus capangas poderiam fazer muitas coisas, menos dar um maldito nó nessas cordas, enquanto ele falava estas asneiras percebi por uma sorte tremenda que consegui atar a corda, porém ele continuava apontando a arma em minha direção, quando percebi que hoje não era lá um dia de tão má sorte apesar de estar a poucos metros de uma morte anunciada, meu sobretudo por acaso tinha uma pequena pistola que sem perceber havia esquecido em um dos bolsos, fiz algo que aprendemos desde criança para sacanear as outras e fazer algo cômico, nesse caso mais trágico, olhei com surpresa e disse “O que é isso passando atrás de você”, quando ele virou para observar, eu tirei a arma do  casaco e apontei para ele. “Seu facínora, te peguei, como você mesmo disse não tenho muito motivos para estar aqui , morto ou em uma prisão, solte sua arma e vamos conversar”, Ele olhou atônito para min e riu, colocou calmamente a arma no chão e disse que estava tudo bem.
                Comecei perguntando o que se tratava tudo isso, essa carta, o sujeito, o corpo e o barulho de disparo em sua mansão, Ele disse que eu era um péssimo detetive, tantas provas é já saberia muita coisa, talvez ser aclamado na cidade como herói contra corruptos, enquanto ele falava isso o amigo de sua esposa subiu e ao ver ele naquela situação soltou um disparo contra ele e saiu correndo, tentei correr até a portinhola da saída, porém ele já sumira pelas escadarias, fui ver o Sr. Reynalds, ele já se encontrava morto, resolvi sair dali , o caminhão de lixo cheirava melhor do que tudo isso.

Resolvi tomar um trago para por meus nervos nos lugares, pelas ruas as pessoas tinham epifanias de alegria, o time local havia vencido o jogo e todos estavam em frenesi sem tamanho, bares lotados, um homem não pode matar sua vida em um copo em certos dias, por sorte tinha ainda meio litro de Scott no meu escritório. Tomei um gole profundo a chegar, fiquei apontando a arma para o teto pensando no que poderia ser aquilo tudo, em quinze  dias, dois corpos, um disparo, um dos principais empreiteiros da região sul morto, que estava ocorrendo afinal, eu devia realmente dar o fora disso tudo, que se dane, tenho minha honra de profissão, mas também minha esperteza. Contudo essa sensatez durou muito pouco, logo o destino me pregou outra peça, policias batendo na porta, fui abrir, era o Delegado Costagravas com seu eterno puxa saco, o policial Augustin, “O que vocês dois querem aqui, não posso tomar um trago e odiar esta cidade por algumas horas?” , “Olhe seu bastardo, nós percebemos que estava junto ao corpo a duas semanas atrás, do morto na avenida central, agora viram você saindo do local onde um dos maiores bem-feitores da cidade o Sr. Reynald, se encontra morto,  quero saber o que afinal esta acontecendo aqui, você esta escondendo algo, melhor ir dizendo logo tudo, o prefeito e sua cúpula estão furiosos, é melhor falar comigo caso não queira perder o pouco de honra que você tem.”. Ofereci um trago para ambos, e comecei falando desde quando fui contratado a cerca de um mês, falei que era simplesmente para seguir sua esposa, e depois os engodos que fui me metendo. Passado alguns minutos contando minha historinha,  disse que era a vez deles soltarem alguma. O Delegado grego disse-me que o morto era na verdade um zé-ninguém, talvez um laranja pego por acaso, que estava por algum tipo de ética cristã querendo abrir a boca sobre a podridão de certos contatos do Sr. Reynald com gente graúda para conseguir contratos, já sobre o outro ele disse não saber de quem se tratava, eu por sorte havia  pego uma foto e entrego a ele, ele viu o sujeito e se assustou, disse-me se tratar de um dos maiores contrabandistas de toda costa sul, o canalha se chamava Arnold “Casanova” Chapman, dizem que era uma espécie de Jay Gatsby , só que dos barras pesadas, ele poderia estar tendo um caso com agora viúva Sra. Reynalds, porém não tinha muito o que falar sobre isso, eu devia sair do caminho e não interferir em assuntos de pessoas “sérias”, Como esses pintinhos fardados fossem alguma coisa séria, séria para escrever piadas talvez. Disse ok e que ia tirar umas férias por um tempo fora da cidade, estava mesmo cansado disso tudo. Se despediam, não antes de contar aquela do policial que fala para loira de-me sua identidade, ela pergunta, o que é, ele diz , é algo retangular, ela tira um espelho e entrega pro policial, ele olha e diz , Não sabia que também era policial. Eles riem , o grego diz “John melhor se cuidar, não quer estar em cenas de crime e não ter nem uma pequena para te visitar na prisão”. Era um patifes como todos os fardados.

Esta história toda de sair da cidade é uma furada, eu tinha assuntos pendentes para resolver, a primeira coisa que iria fazer e ir no dia seguinte no arquivo público fazer uma pequena vistoria se encontrava algo sobre estes sujeitos. Esta noite já, uma longa noite, tomei alguns bons tragos para esquecer um pouco tudo aquilo, dei uma baforada em um dos meus melhores charutos no ar, fazendo um coração, que por certo acaso se partiu bem no meio.
No dia seguinte fui ao arquivo como planejado, lá fiz o levantamento sobre todas as pessoas envolvidas no caso. Descobri o endereço do tal “Casanova” Chapman, organizei alguma informações e fui a seu endereço montar guarda, morava estranhamente em um dos melhores bairros da cidade, contudo sua casa parecia uma mansão mal-assombrada. Após algumas horas vejo alguém saindo , quando lho bem vejo que é o mesmo carro do outro dia que jogou o cadavar pela porta, para minha surpresa maior a Sra. Reynalds estava nele, segui-o, quando vejo estamos no cemitério de Santo Carlos na zona campestre da cidade. Eles estão indo para o enterro do panaca do Reynalds, Seu assassino e sua esposa que o passava para trás, bem Hamletiano, com a diferença que com sorte um fantasma apareceria para ele contanto todo o caso, comigo são apenas tiras querendo que eu saia do caso. Espero o enterro acabar e volto para meu carro, vejo que eles novamente entram no veiculo e saem em disparada, sigo-os, quando vejo estão na Marina da cidade, sobem em um navio , resolvo novamente de forma estúpida subir de forma furtiva na embarcação. Quando chego lá encontro uma reunião de magnatas, políticos, entre eles o Senador Cussac e o prefeito Mayer.  Pensando que tudo era muito maior que podia imaginar, um dos marinheiros do iate me acerta, contudo desta vez seguro as ondas, dou um jab direto no seu lindo queixo de cozinheiro de mariscos , fazendo ele desmaiar, aproveito a situação, amarro ele no banheiro interno , aproveito e troco roupa com ele, me sinto um pouco engraçado, mas agora tudo será assim.
Todos outros estão bebendo, fumando e rindo muito, enquanto aqui dentro no convés uma turba de negros e latinos cozinhavam sem parar, ou serviam seus virtuosos governantes e patrões.  Resolvi me disfarçar no ambiente e escutar furtivamente a conversa, não escutando nada mais do que umas piadas baratas resolvo investigar o resto do barco, entro em um pequeno escritório, onde remexendo a papelada descubro ser o barco do Chapman , ainda melhor vejo a arma que deve ser a do disparo, muitos arquivos, penso que é o momento de ligar para os tiras, eles que resolvam o resto, falo com o Tenente  Grego, informo o que aconteceu, após dizer algumas palavras bonitas sobre minha pessoa , minha mãe e meu traseiro, ele aparece com algumas viaturas, eu sabia que aquilo não ia dar em nada, políticos, mafiosos, e os piores, as femme fatales.  Alguém pode me perguntar, então porque eu chamei eles, os tiras, peixes pequenos perto dos graúdos que se encontravam no barco. Ora, tempos negros, caça as bruxas, descubro que Chapman é na verdade Ionescus Kazinski Ivanoviovitch Tarkovisky, um espião russo que apaga todos os ex-empresários que financiaram Stalin na II Guerra Mundial, depois que os traíram cortando os subsídios e denunciando os planos militares para o governo americano.  Só penso como um idiota deixa estes arquivos jogados em uma simples gaveta, as histórias do Mundo e das vidas de multidões são apenas pequenas folhas amarelas em gavetas mal arrumadas.
Os Tiras invadem a embarcação, com os federais após meu chamado.No final após mostrar os documentos para o Tenente Grego, ele chama imediatamente os federais, e claro, os jornalistas, todos vão presos, descubro então que a Sra. Reynalds na verdade é uma ex vedete russa, Sabrina Vaniaia Krataniskaia, mandada nos anos 30 para o Estados Unidos, com identidade falsa para fazer um ricaço se apaixonar por ela e poder subverter-lo e ajudar a causa Russa, contudo após o fim da Segunda Guerra e a perseguição McCharthy, sendo seu marido um fantoche soviético, resolve declarar patriotismo e cancelar os negócios, Ionescu Tarkovisky foi mandado para matar Sabrina Karaniskaia , contudo logo se apaixona por ela, tramando um jeito de matar seu marido, eles tentam me envolver nisso tudo, como boa espiã, sabia que seu marido havia contratado alguém para perseguir-me, ela arma o encontro na estação central, como outras ações, matando seu marido e me incriminando, um detetive falido atrás de grana para sobreviver, ela poderia além de se casar com seu “Casanova” , ainda ficaria com toda a fortuna do seu marido trouxa. Continuando as ações com moscou. Contudo eles pensavam que eu era mais um americano estúpido. Talvez eu seja estúpido, mas sou dos especiais, daqueles que só se encontram em romances de Hemingway lutando por uma república na Espanha.
A prisão dos espiões se torna notícia por toda América, as informações contudo dos políticos fica panos quentes, Por acaso o Sr. Reynald como o Senador Cusac e o Prefeito Mayer são grandes financiadores do presidente Truman.  Assim continua a grande história da América, comunistas comem crianças, os nossos políticos os deixam morrer de rir. Eu resolvo dar umas férias forçadas, vou para o México tomar tequila e gastar toda minha grana, afinal um bom detetive não pode ter muito para o próximo mês, caso contrário ele pode querer escolher os melhores casos.

FIM.

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Sobre o consultório Médico

         Estava eu uma manhã destas na sala de espera do Hospital, enquanto esperava que chamassem minha mãe para uma consulta na qual a acompanhava como bom filho que sou, resolvo neste ínterim ler o livro que havia levado comigo, “As intermitências da morte” de J. Saramago. Ao que me vêem um idoso, bem velinho, com seus mais de oitenta anos, senta-se na minha frente, debilitado, maçãs murchas, olhos caídos, meio babado, meio vomitado. Espera que lhe consultem, olha para min com a cara de um cachorro velho, com aquelas sobrancelhas rústicas e pesadas. Estava na parte do livro em que a morte escreve uma carta dizendo que resolverá matar novamente assim que soar os badalos do outro dia, Penso nesse momento assustado, sé me morre agora este velho, se por alguns minutos ou segundos a morte resolve parar de matar para respirar e logo começa a passar sua foice pictórica. Leio cada palavra como sendo a última deste ancião a minha frente, penso “vai levá-lo , vai levá-lo, pare de ler” Sinto-me alguma coisa culpada, idéia idiota , pressinto então o
poder definitivo da literatura, este é algum tipo de misticismo  das letras, dos cabeças vazias, dos que acham que um livro pode mudar o mundo, que podem palavras da morte escrita por um português interferir em uma cidade nos trópicos do Brasil. 
                O velho após alguns minutos vai para sua consulta, a morte ainda não chegou para ele, ainda que se espera que falte menos tempo para ele do que para eu que sou jovem. Mas fica-me o semblante da morte, sinto-a rondando, a morte são as letras, e a interpretação da metafísica de um medo, assim como a guerra, saudade ou mesmo impotência sexual. As intermitências do Sexo será mais real então do que da Morte? Penso que não, são todas palavras que dizem o medo que nós temos, pululam dos livros para nossa mente, para a vida, que pode ser tão bela e metafísica em uma sala de espera de hospital na chuva, com todo um mistério humano , terror, ânsia do que em uma aventura amorosa qualquer. As palavras, sempre as Palavras.

domingo, 27 de novembro de 2011

Quizas

“Vamos ficar juntos?”
“Não.”

Siempre que te pregunto que ¿Cuándo? ¿Cómo? y ¿Dónde?

“O que você quer de min?”
“Tudo, ou nada. Que diferença faz?”
“Toda diferença, afinal eu quero ficar com você, eu não posso, não nego, sinto o peito doendo, sua falta, insônias, me sinto muito só e perdida!”

Tu siempre me respondes: Quizás, quizás, quizás

“Eu sou um personagem barato, não se iluda, não vou me casar contigo, nem ter família, nem qualquer coisa do gênero.”
“Eu não me importo, simplesmente fique comigo, eu sei que para ser feliz cada um deve buscar a sua maneira de ser”

Y así pasan los días y yo desesperando y tú,
tú contestando: Quizás, quizás, quizás.

“Um dia você vai olhar para fora deste quarto, é vai ver que perdeu grande parte de sua vida, vai perceber que foi uma vã felicidade, um pouco de calor, é uma vida a menos”
“Eu não agüentaria, não pode ser assim, as coisas não podem ser tão simples, não, não...não”

“Me desculpe, fique se quiser, não me faça perguntas, não me peça nada que não posso lhe dar, se ficar não vou lhe dar nada, também não vou lhe pedir nada.”

Quizás, quizás, quizás.


Imagem do filme Amor da flor da Pele de Wong Kar-Wai

terça-feira, 22 de novembro de 2011

Livre Interpretação para Nighthawks de Edward Hopper [1942]


Estava um vento gélido lá fora, aqui dentro no café a calefação fazia seu serviço, Eu misturava algumas gotas de whisky no café quente e confortador, Era uma Nova York escura e fria de 1957, estou na 7 sul com a 11 oeste, na radio toca Summertime na voz de Ella Fitzgerald e Louis "Satchmo" Armstrong , As pessoas passavam acompanhados, ou só com sacos de compras ou guarda chuvas negros, a mulher ao meu lado fumava um cigarro enquanto parecia tomar um gin com vodka à inglesa enquanto um cara mudo ao seu lado olhava o vazio, Queria falar algo com essa garota porém sentia-me muito fraco para falar alguma coisa com ela, medo, angustia ou melancolia. Estávamos próximos do grande ano de 1958, o presidente é o pálido General Eisenhower, Carmen Basilio vence Sugar Ray depois de 15 rounds da mais pura arte do pugilismo, o livro nas prateleiras de todo país é o Doctor Zhivago de Boris Pasternak com todo seu terror vermelho, e a mulher mais desejada do ano é a graciosa boneca Audrey Hepburn.  A garçonete, Miss Daisy olha pra min com certa pena “Você precisa sair dessa Albert, já fazem mais de 3 meses, você vai arrumar outra garota a sua altura, vou lhe por mais uma xícaras de café, mais tente não misturar esta com whisky ou seja lá que esteja tomando”. Olho para ela e dou um sorriso amigo, faço que sim com a cabeça, aceito mais um pouco, depois disso vou embora, para meu frio apartamento, para meus livros, meus estudos, os problemas, com meu coração partido, na esperança que um dia possa amar outra mulher e morar em um lugar mais ensolarado, onde o presidente seja um bom católico.

Uma pequena promessa de dias vindouros

domingo, 20 de novembro de 2011

10 Coisas que não se deve fazer escrevendo poemas

Sempre gostei muito de poesia, de Walt Withman a Fernando Pessoa, contudo nunca fui bem em escreve-las, aqui pensei em 10 coisas que não se pode fazer ao escrever poemas:

1)  1) Não deve se embriagar tanto a ponto de perder o tato das mãos e o sentido básico de escrita e raciocínio
2)  2) Não se mate antes de escrever o poema, talvez depois dependendo do número de adjetivos e verbos que você usar como “sua vagabunda “eu te amei” “eu uma cocadinha no seu leite cremoso”, etc...
3)  3)Não escrever poemas em algum idioma onde a alguma língua morta que ninguém entenda, nem você mesmo.
4)  4) Não escrever com caneta esferográfica enquanto se mergulha na banheira, principalmente se você não tiver banheira.
5)  5) Não escrever poemas enquanto se escuta Chico Buarque
6)  6)Não escrever poemas enquanto assiste a um show do Chico Buarque
7)  7)Chico Buarque não escreve poesia, portanto não escreva poemas copiando-os.
8)  8)Não escrever poemas se está em coma, é meio difícil achar a posição certa para escrever.
9)  9)Não escrever poemas enquanto dirige uma carreta em alguma rodovia federal do norte do país, você pode estar dirigindo um caminhão de polpa de tomate, que pode borrar suas anotações
1010) Por fim não escreva poemas se você se sentir eu lírico em pleno domingo, ninguém precisa saber que você é péssimo na cama.

terça-feira, 15 de novembro de 2011

Meu ultimo grande ravióli


Domingo (ou qualquer outro dia da semana) que você esteja lendo isto ,será um dia de várias sensibilidades. Contudo a sensibilidade que mais me marca é a sensibilidade para saber que ando sendo rejeitado pelas garotas. Não podia ser diferente  enquanto neste lindo dia de sol,jovens bonitos estão nas praças, praias e outras instituições bacterianas. Enquanto isso estou aqui a contar quantos advérbios Deus permitiu que o homem escrevesse na Bíblia, ou onde ficariam os gomos de minha barriga se eu resolvesse parar de tentar terminar o sonho com aquela morena,em vez de ir para academia de manhã.

           De qualquer modo,não aceitei tão resignamente as coisas assim. 
A uma semana exatamente fui a minha consulta semanal com o grande Dr. Idiotaviski Tapadosviovich Katatoviski. Ele disse-me ser um dos seus melhores pacientes, ainda que ele prefira cortar cana-de-açúcar à ter que curar alguém como eu. A consulta começou bem, contei os meus sofrimentos, do fato de eu não conseguir ter uma relação firme a anos, mais ou menos desde que os hebreus criaram a lei da monogamia. Falei sobre o fato de sofrer certa repressão sexual com todas as garotas que saio. Me sinto coagido, elas começam a discutir poesia latino-americana, eu não consigo discutir nada que não seja russo ou alemão. É um desacordo tremendo, na hora de pedir as bebidas, tudo fica ruim, enquanto elas pedem pisco e imitam Gabriel Garcia Marquez, eu peço vodka e fico dividido entre recitar Maiavoski ou explicar a existência de Deus na obra de Dostoievski. Ele pediu que eu contasse alguma experiência em que eu fui constrangido, assim eu poderia repensar a história como se eu tivesse ido de encontro, mostrando minha capacidade de superação máscula. Como ele havia esquecido seu pêndulo para fazer a regressão, resolveu-me dar mescalina e me fazer ouvir Wagner até eu dormir.
          Durante a regressão eu fui para a época em que eu namorava uma garota que imitava nas horas vagas Nelson Ned. Que prazer era sair com ela, que momentos divertidos, brincadeiras de casal,  como assistir Andrei Tarvosky e interpretamos pessoas que entediam seus filmes. Mas o melhor era nossas relações sexuais, principalmente nossa especialidade na cama que era fazer como se tivéssemos tido um derrame cerebral e ficarmos semanas na cama sem nos encostarmos. Porém tudo mudou um dia, quando descobri que seu ex-namorado conseguiu uma vaga de cátedra na universidade no curso de pesca em aquários de 30cm, com seu doutorado sobre Steve Sizzou e a interpretações dos sonhos de um peroá, percebi que sua atitude comigo havia mudado. Antes ela gostava de brincar de Percivall comigo, agora só aceitava interpretar algo, se eu fosse Desdemona e ela Otelo, isso me fez pensar que Iago estava no pedaço. Com o tempo as coisas ficaram insustentáveis, até um dia que ela me disse que eu era um ser inferior com minhas reles graduação e que nunca me aceitariam no mestrado com minha analise do corte de unha das mulheres no período colonial. Compreendi tudo naquele momento, eles deviam ter voltado pelas costas, enquanto eu preparava o Raviolli e ela ficava 
no colo dele falando do passado que eles tiveram juntos. Enfim, dias depois ela me disse que estava me abandonando, e ia se casar com ele. Talvez tenha sido a mulher que mais tenha gostado, aceitei tudo de forma passiva, enquanto mastigava um doce caramelado interminável. Nesse momento ouvi a voz do Dr. Katatoviski dentro da minha cabeça dizendo, que primeiro engolisse o doce, segundo que volta-se no passado do meu sonho, ao invés de por molho de tomate, coloca-se molho branco, isso iria fazer com que o vinho tinto iria fazer eles terem convulsões de terror gastronômico. Porém, regressando ao momento eu não consegui, era um sacrilégio, eu lembro ainda que foi um dos melhores Raviólis. Assim o doutor desligou o cd do Wagner e eu voltei á realidade.  Ele me disse que o tempo tinha acabado, e que eu pensasse na próxima vez em vez de raviólis eu tentasse algo mais picante como comida indiana com curry apimentado. cumprimentei-o e saí pela rua, assim me encontro hoje, solitário, sei ao menos que nunca se deve ficar com uma mulher que prefira diplomas a sua pessoa, mesmo porque para conseguir um doutorado é preciso ficar muitos anos trancado em estudo sem o contato de mulheres e dos raviólis.

Contribuição e Correção: Aline B. , futura personagem em de meus textos. Hahaha!

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

domingo, 13 de novembro de 2011

Sobre meu desligamento da universidade

Sobre aos que me perguntam sobre meu desligamento da universidade conto meu relato dos fatos ocorridos para não deixar duvidas.
Ao acordar certo dia recebo uma correspondência, carta de minha faculdade, nela  escrito que eu tenho apenas 15 dias para conseguir não ser desligado desta nobre instituição do curso de Metafísica histórica com ênfase no dedão do Marc Bloch.

Alguns me perguntarão o que fiz para chegar a este ponto, outros perguntarão se vai sair um cafezinho, de qualquer modo respondo a todos, o que se passou é que entrei muito novo na universidade, este sou eu aos 17 anos compreendendo a filosofia alemã:
-Quer me dizer que se eu ler esse tal de Niesztchen junto com essa erva eu vou me tornar um Superman? Isso significa que eu vou comer alguém ou me tornar tão demente que vou usar a cueca sobre as calças?
Aos já 19 me indagava sobre as luzes :
-O que é a vida? Voltaire disse que eu matei deus, logo tudo é permitido, o que significa exatamente? Que eu posso usar cocaína, comer aquela mulher quarentona e encher a cara até desmaiar que não irei contra a lei?
Aos 20:
-Qual a crítica epistemológica da pamonha com o quibe assado, qual o significado, significados, PRECISO de significados.

E hoje aos 22 me encontro totalmente desanimado, com minhas leituras, filosofias e aparato cultural que faria Borges encontrar o caminho dos caminhos que se bifurcam, sem uso, esperando o próximo dia, pensando, que diabo faço eu com esta universidade, não estudei nada, o que eu estudei achei pouco relevante, não que estudar história da fabricação de pasteis e outros quitutes pelos excluídos e hereges na idade média não seja relevante para a sociedade capitalismo moderna, contudo o que me parece que não existe muito sentido em tentar ensinar algo a um garoto que nunca vai ser um individuo pleno de civilidade,  no máximo um animal sedento por mulheres rudes , e chapéus quadriculados que fazem todos parecerem muito, muito malandros. 

           Existem duas possibilidades,uma dela e aceitar a angustia existencial da vida e pular a ponte fantasiado de Ricardo III gritando “Meus discos de Wagner por um pára-quedas”, uma forma iluminista de se morrer aceitando a gravidade, outra é admitir que a  faculdade é para leitores de Rousseau com apatia sexual e começar a me dedicar ao trabalho de traduzir Proust para 10 idiomas onde as pessoas que os falam são analfabetos , surdos e estão prestes a ir comprar pão.

Nesses momentos de dúvidas que marcam a vida do homem se torna essencial uma coisa, na verdade duas, um bom advogado e Deus, como sei que as duas coisas não existem , vou atrás do contato feminino.
Ando saindo com uma garota muito interessante, talvez a mais interessante desde que foi a única que eu consegui sair até hoje na minha vida.  Seu nome é Verônica Monet, na verdade é Valéria Manet, mas ela disse que prefere os pontos aos traços, enfim. Liguei para ela, depois de insistir algumas vezes, mandar e-mails, e colocar a foto dela no telejornal local, consegui falar com ela, resolvendo sair comigo. Como bom universitário, fomos a um bar barato, onde por 10 pratas, além de você ficar muito bêbado, o dono dança macarena , recita William Blake, e toca com talheres na mesa a 9 sinfonia de Beethoven.  Fomos direto para sua casa, me sinto mal na minha, morando com minha mãe, ela não aceita que traga mulheres para casa, principalmente se elas forem vacinadas, alfabetizadas e aceitarem o criacionismo do bolo de fubá pelos espanhóis, diferente da maioria que claramente sabe que foi feito pelos búlgaros enquanto ouviam tico-tico no fubá tocando por Rachmaninoff. O sexo foi bom, consegui fazer enquanto fichava um livro com o tema ‘Modernidade: como Baudelaire Spleen e Charutos, ou Drauzio Varella e o fim do tabagismo, do grande historiador Peter Gay.
Ao realizava tal manobra intelecto-sexual me lembrei sobre o estado lamentável que me encontrava, é também como estava prestes a perder meu direito a participar das rodinhas de boteco entre universitários. Não falo isso da boca para fora, assinei isso quando me matriculei na universidade, entre outros pontos que eu aceitava ao sair da universidade era desfazer imediatamente a minha banda de heavy metal norueguês e renegar três vezes Gramsci enquanto se dança bonga bonga.  Conversei com a Vanessa Gauguin, na verdade ela diz que depois do sexo ela gosta de se sentir uma taitiana abstrata. Falei da minha situação, a primeira coisa que ela fez foi claro fumar um pouco de erva, depois disso foi dormir por 3 dias, cheguei a pensar eu achando que ela sofria de catatonia, e eu era um personagem de Álvares de Azevedo, depois disso contudo ela me respondeu “seu bundão saia da minha casa”. Então me encontro aqui sem saber o que fazer, sem dinheiro, sem namorada, e prestes a sofrer desligamento da universidade federal do... Resolvi dar minha ultima cartada que era conversar com o Prof. Boa-Morte da cadeira de História da História para Historiadores que acham que a História serve para algo II e III, chefe do colegiado, não antes de deixar meu testamento onde escrevi uma poesia romântica que estudiosos no futuro poderiam enquadrar em “patético, genial, lastimável ou uma boa receita para croissant”. 

Falei com meu professor sobre minhas notas e cursos abandonados principalmente História da Literatura Americana Moderna onde o tema, ele olho para min com pena, principalmente porque eu havia colocado dois sapatos de cores diferentes. Então após conversamos ele me orientou para que eu carregasse uma cruz pelo campus da universidade enquanto a comunidade acadêmica me xingaria de traidor e falso profeta, então talvez nosso Reitor Pôncio Pilatos – Simplesmente Pilates nas noites da capital -  poderia perguntar para os acadêmicos se me perdoariam, caso contrário eu teria que transformar água em vinho para a festa de final de ano dos professores. Achei isso loucura, mas resolvi pedir clemência a universidade e aprender química para transformar a água em vinho.  Um diploma requer muito esforço intelectual afinal de contas, uma vida de rebeldia sem mulheres intelectuais e frigidas vale muito para um homem.

Dr. Katatoviski

Certa noite após beber muito - algo como chá mate gelado - para esquecer um amor perdido resolvi ligar para meu analista, o Dr. Katatoviski, ele me disse que sempre que tivesse uma crise psicanalítica, política ou para abrir um pote de azeitonas eu poderia ligar para ele, de qual qualquer modo tenho evitado, acho que aquela vez que ele foi fantasiado de Carmem Miranda cantando Leãozinho no meu ouvido não tenha sido uma nova abordagem, como ele mesmo me respondeu na outra consulta quando foi de fantasiada de Madonna em ‘Like a Virgen’ para testar o modo como meu libido pode ser explorado – feitishismo abstrato a garotas não comidas na juventude – como ele mesmo disse.

          Ele me atendeu, ele perguntou o que eu sentia, eu disse “Dr. Katatoviski, estou me sentindo muito só, meio tonto, sem fôlego, como estivesse em uma música do Carlos Gardel onde meus amigos e minha me abandonam, meu cachorro manda seu advogado dizer que me rejeitou por justa causa pelo fato de  eu ser um bundão”. “Não se preocupe Sr. M.” (vou evitar meu nome), isto é apenas uma disfunção sexual, ou como o grande Mestre Freud disse, cape umas ninfetas enquanto elas não te capam”, “doutor , tem certeza que o Dr. Freud disse tal coisa?”, “Quem falou em Freud seu panaca, eu falo do Dr. Fred  o médico que eu vou caçar  girafas nos fins de semana”, “doutor, não existem Girafas no Brasil” , “Cale-se , para Wittgenstein você é apenas uma troça para a lingüística existencial do salaminho, nem por isso deixo de falar com você”.

Assim nossa conversa acabou, e resolvi como ele havia me dito tentar sair com alguma garota que não tivesse três olhos, ou usasse os tênis ao contrário para representar a ‘Pachacha Mamma’ como minha ultima namorada antropóloga. Mandei algumas indiretas pela internet, alguns emails, mensagens pelo celular, na verdade cogitei até sair com minha mãe, mais me lembrei de Édipo Rei, e que tinha uma consulta com o oftalmologista na outra semana, me sairia muito caro sangrar meus olhos. Depois de muito desespero e ter lido a obra completa de Proust sobre culinária francesa arrumei uma garota para sair, seu nome era Alice M., conheci ela na faculdade, mas sempre só nós encontrávamos naquelas festas onde tocavam a vanguarda de musical contemporânea, futuros corretores de imóveis e vendedores de carros chineses. Quanto ao M. prefiro não dizer o porquê, só digo que é um apelido dado pelos seus amigos viciados pelo vicio dela em certa substância que fazia Bob Marley se tornar um titã das sonecas antes e depois do almoço.

Fomos a um barzinho, bom som, jazz, mesas de madeira, uma cerveja barata e um calor infernal, um típico acasalamento nos trópicos para pessoas de baixa renda que se recusarem qualquer matéria que não tivesse leitura de Rousseau ou Quem Comeu meu Queijo para iniciantes. Conversamos sob gostos artísticos, eu disse que adorava Modigliani, ela disse que adoraria chupar os pinceizinhos do Pollock, eu falei que estava aficionado por grupos de música folks da Groelândia, ela me disse que já havia dado para uma orquestra completa com oboés, pratos e dois maestros. Perguntei se ela gostava dos romancistas russos, ou preferia a crítica social dos franceses, ela me disse que lia Paulo coelho com um copo sobre o livro, coisa que eu achei inverossímil, mas aceitei. De qualquer modo foi um encontro daqueles, fomos para meu apartamento, ela resolveu acender um cigarro para selar nossa relação naquela noite, na verdade meses depois descobri que ela fumava aquilo porque era homossexual, mas eu lembrava uma tia que ela sempre teve desejos kafkianos.  Naquela noite deu meu máximo, fiz todas as posições possíveis e imagináveis em meu 1 minuto e 30 segundos, quando dormimos.
No outro dia acordei melhor, até consegui ler um livro de Saramago lançado post-mortem, “Ensaio sobre dobradinhas e outras iguarias do Alentejo”.   E uma introdução do Harold Bloom para Shakespeare “como seu tênis e sua calça apertada e um desvio de Hamlet e dos cânones literários ocidentais: uma interpretação da literatura para pessoas burras que acham que  Hemingway e melhor que Goethe, e Goethe e melhor que fazer sexo numa sexta feira com uma mulher chamada Carla na realidade”.

Depois desse dia continuei saindo com Alicia. M, até um dia que ela apareceu com uma prima que usava roupa de homens e ficava apalpando ela, enquanto eu chorava por Bergman ter matado Deus, e Simenon ter descoberto que era apenas um engodo para passar mercadorias para a Suécia pelas fronteiras da Macedônia. O que eu descobri no final das contas aqui foi simplesmente que não se pode amar todas, mas se conseguir dormir com a maioria e ainda conseguir recitar William Blake em seus ouvidos vestido de Virginia Wolf é uma grande coisa.