domingo, 27 de novembro de 2011

Quizas

“Vamos ficar juntos?”
“Não.”

Siempre que te pregunto que ¿Cuándo? ¿Cómo? y ¿Dónde?

“O que você quer de min?”
“Tudo, ou nada. Que diferença faz?”
“Toda diferença, afinal eu quero ficar com você, eu não posso, não nego, sinto o peito doendo, sua falta, insônias, me sinto muito só e perdida!”

Tu siempre me respondes: Quizás, quizás, quizás

“Eu sou um personagem barato, não se iluda, não vou me casar contigo, nem ter família, nem qualquer coisa do gênero.”
“Eu não me importo, simplesmente fique comigo, eu sei que para ser feliz cada um deve buscar a sua maneira de ser”

Y así pasan los días y yo desesperando y tú,
tú contestando: Quizás, quizás, quizás.

“Um dia você vai olhar para fora deste quarto, é vai ver que perdeu grande parte de sua vida, vai perceber que foi uma vã felicidade, um pouco de calor, é uma vida a menos”
“Eu não agüentaria, não pode ser assim, as coisas não podem ser tão simples, não, não...não”

“Me desculpe, fique se quiser, não me faça perguntas, não me peça nada que não posso lhe dar, se ficar não vou lhe dar nada, também não vou lhe pedir nada.”

Quizás, quizás, quizás.


Imagem do filme Amor da flor da Pele de Wong Kar-Wai

terça-feira, 22 de novembro de 2011

Livre Interpretação para Nighthawks de Edward Hopper [1942]


Estava um vento gélido lá fora, aqui dentro no café a calefação fazia seu serviço, Eu misturava algumas gotas de whisky no café quente e confortador, Era uma Nova York escura e fria de 1957, estou na 7 sul com a 11 oeste, na radio toca Summertime na voz de Ella Fitzgerald e Louis "Satchmo" Armstrong , As pessoas passavam acompanhados, ou só com sacos de compras ou guarda chuvas negros, a mulher ao meu lado fumava um cigarro enquanto parecia tomar um gin com vodka à inglesa enquanto um cara mudo ao seu lado olhava o vazio, Queria falar algo com essa garota porém sentia-me muito fraco para falar alguma coisa com ela, medo, angustia ou melancolia. Estávamos próximos do grande ano de 1958, o presidente é o pálido General Eisenhower, Carmen Basilio vence Sugar Ray depois de 15 rounds da mais pura arte do pugilismo, o livro nas prateleiras de todo país é o Doctor Zhivago de Boris Pasternak com todo seu terror vermelho, e a mulher mais desejada do ano é a graciosa boneca Audrey Hepburn.  A garçonete, Miss Daisy olha pra min com certa pena “Você precisa sair dessa Albert, já fazem mais de 3 meses, você vai arrumar outra garota a sua altura, vou lhe por mais uma xícaras de café, mais tente não misturar esta com whisky ou seja lá que esteja tomando”. Olho para ela e dou um sorriso amigo, faço que sim com a cabeça, aceito mais um pouco, depois disso vou embora, para meu frio apartamento, para meus livros, meus estudos, os problemas, com meu coração partido, na esperança que um dia possa amar outra mulher e morar em um lugar mais ensolarado, onde o presidente seja um bom católico.

Uma pequena promessa de dias vindouros

domingo, 20 de novembro de 2011

10 Coisas que não se deve fazer escrevendo poemas

Sempre gostei muito de poesia, de Walt Withman a Fernando Pessoa, contudo nunca fui bem em escreve-las, aqui pensei em 10 coisas que não se pode fazer ao escrever poemas:

1)  1) Não deve se embriagar tanto a ponto de perder o tato das mãos e o sentido básico de escrita e raciocínio
2)  2) Não se mate antes de escrever o poema, talvez depois dependendo do número de adjetivos e verbos que você usar como “sua vagabunda “eu te amei” “eu uma cocadinha no seu leite cremoso”, etc...
3)  3)Não escrever poemas em algum idioma onde a alguma língua morta que ninguém entenda, nem você mesmo.
4)  4) Não escrever com caneta esferográfica enquanto se mergulha na banheira, principalmente se você não tiver banheira.
5)  5) Não escrever poemas enquanto se escuta Chico Buarque
6)  6)Não escrever poemas enquanto assiste a um show do Chico Buarque
7)  7)Chico Buarque não escreve poesia, portanto não escreva poemas copiando-os.
8)  8)Não escrever poemas se está em coma, é meio difícil achar a posição certa para escrever.
9)  9)Não escrever poemas enquanto dirige uma carreta em alguma rodovia federal do norte do país, você pode estar dirigindo um caminhão de polpa de tomate, que pode borrar suas anotações
1010) Por fim não escreva poemas se você se sentir eu lírico em pleno domingo, ninguém precisa saber que você é péssimo na cama.

terça-feira, 15 de novembro de 2011

Meu ultimo grande ravióli


Domingo (ou qualquer outro dia da semana) que você esteja lendo isto ,será um dia de várias sensibilidades. Contudo a sensibilidade que mais me marca é a sensibilidade para saber que ando sendo rejeitado pelas garotas. Não podia ser diferente  enquanto neste lindo dia de sol,jovens bonitos estão nas praças, praias e outras instituições bacterianas. Enquanto isso estou aqui a contar quantos advérbios Deus permitiu que o homem escrevesse na Bíblia, ou onde ficariam os gomos de minha barriga se eu resolvesse parar de tentar terminar o sonho com aquela morena,em vez de ir para academia de manhã.

           De qualquer modo,não aceitei tão resignamente as coisas assim. 
A uma semana exatamente fui a minha consulta semanal com o grande Dr. Idiotaviski Tapadosviovich Katatoviski. Ele disse-me ser um dos seus melhores pacientes, ainda que ele prefira cortar cana-de-açúcar à ter que curar alguém como eu. A consulta começou bem, contei os meus sofrimentos, do fato de eu não conseguir ter uma relação firme a anos, mais ou menos desde que os hebreus criaram a lei da monogamia. Falei sobre o fato de sofrer certa repressão sexual com todas as garotas que saio. Me sinto coagido, elas começam a discutir poesia latino-americana, eu não consigo discutir nada que não seja russo ou alemão. É um desacordo tremendo, na hora de pedir as bebidas, tudo fica ruim, enquanto elas pedem pisco e imitam Gabriel Garcia Marquez, eu peço vodka e fico dividido entre recitar Maiavoski ou explicar a existência de Deus na obra de Dostoievski. Ele pediu que eu contasse alguma experiência em que eu fui constrangido, assim eu poderia repensar a história como se eu tivesse ido de encontro, mostrando minha capacidade de superação máscula. Como ele havia esquecido seu pêndulo para fazer a regressão, resolveu-me dar mescalina e me fazer ouvir Wagner até eu dormir.
          Durante a regressão eu fui para a época em que eu namorava uma garota que imitava nas horas vagas Nelson Ned. Que prazer era sair com ela, que momentos divertidos, brincadeiras de casal,  como assistir Andrei Tarvosky e interpretamos pessoas que entediam seus filmes. Mas o melhor era nossas relações sexuais, principalmente nossa especialidade na cama que era fazer como se tivéssemos tido um derrame cerebral e ficarmos semanas na cama sem nos encostarmos. Porém tudo mudou um dia, quando descobri que seu ex-namorado conseguiu uma vaga de cátedra na universidade no curso de pesca em aquários de 30cm, com seu doutorado sobre Steve Sizzou e a interpretações dos sonhos de um peroá, percebi que sua atitude comigo havia mudado. Antes ela gostava de brincar de Percivall comigo, agora só aceitava interpretar algo, se eu fosse Desdemona e ela Otelo, isso me fez pensar que Iago estava no pedaço. Com o tempo as coisas ficaram insustentáveis, até um dia que ela me disse que eu era um ser inferior com minhas reles graduação e que nunca me aceitariam no mestrado com minha analise do corte de unha das mulheres no período colonial. Compreendi tudo naquele momento, eles deviam ter voltado pelas costas, enquanto eu preparava o Raviolli e ela ficava 
no colo dele falando do passado que eles tiveram juntos. Enfim, dias depois ela me disse que estava me abandonando, e ia se casar com ele. Talvez tenha sido a mulher que mais tenha gostado, aceitei tudo de forma passiva, enquanto mastigava um doce caramelado interminável. Nesse momento ouvi a voz do Dr. Katatoviski dentro da minha cabeça dizendo, que primeiro engolisse o doce, segundo que volta-se no passado do meu sonho, ao invés de por molho de tomate, coloca-se molho branco, isso iria fazer com que o vinho tinto iria fazer eles terem convulsões de terror gastronômico. Porém, regressando ao momento eu não consegui, era um sacrilégio, eu lembro ainda que foi um dos melhores Raviólis. Assim o doutor desligou o cd do Wagner e eu voltei á realidade.  Ele me disse que o tempo tinha acabado, e que eu pensasse na próxima vez em vez de raviólis eu tentasse algo mais picante como comida indiana com curry apimentado. cumprimentei-o e saí pela rua, assim me encontro hoje, solitário, sei ao menos que nunca se deve ficar com uma mulher que prefira diplomas a sua pessoa, mesmo porque para conseguir um doutorado é preciso ficar muitos anos trancado em estudo sem o contato de mulheres e dos raviólis.

Contribuição e Correção: Aline B. , futura personagem em de meus textos. Hahaha!

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

domingo, 13 de novembro de 2011

Sobre meu desligamento da universidade

Sobre aos que me perguntam sobre meu desligamento da universidade conto meu relato dos fatos ocorridos para não deixar duvidas.
Ao acordar certo dia recebo uma correspondência, carta de minha faculdade, nela  escrito que eu tenho apenas 15 dias para conseguir não ser desligado desta nobre instituição do curso de Metafísica histórica com ênfase no dedão do Marc Bloch.

Alguns me perguntarão o que fiz para chegar a este ponto, outros perguntarão se vai sair um cafezinho, de qualquer modo respondo a todos, o que se passou é que entrei muito novo na universidade, este sou eu aos 17 anos compreendendo a filosofia alemã:
-Quer me dizer que se eu ler esse tal de Niesztchen junto com essa erva eu vou me tornar um Superman? Isso significa que eu vou comer alguém ou me tornar tão demente que vou usar a cueca sobre as calças?
Aos já 19 me indagava sobre as luzes :
-O que é a vida? Voltaire disse que eu matei deus, logo tudo é permitido, o que significa exatamente? Que eu posso usar cocaína, comer aquela mulher quarentona e encher a cara até desmaiar que não irei contra a lei?
Aos 20:
-Qual a crítica epistemológica da pamonha com o quibe assado, qual o significado, significados, PRECISO de significados.

E hoje aos 22 me encontro totalmente desanimado, com minhas leituras, filosofias e aparato cultural que faria Borges encontrar o caminho dos caminhos que se bifurcam, sem uso, esperando o próximo dia, pensando, que diabo faço eu com esta universidade, não estudei nada, o que eu estudei achei pouco relevante, não que estudar história da fabricação de pasteis e outros quitutes pelos excluídos e hereges na idade média não seja relevante para a sociedade capitalismo moderna, contudo o que me parece que não existe muito sentido em tentar ensinar algo a um garoto que nunca vai ser um individuo pleno de civilidade,  no máximo um animal sedento por mulheres rudes , e chapéus quadriculados que fazem todos parecerem muito, muito malandros. 

           Existem duas possibilidades,uma dela e aceitar a angustia existencial da vida e pular a ponte fantasiado de Ricardo III gritando “Meus discos de Wagner por um pára-quedas”, uma forma iluminista de se morrer aceitando a gravidade, outra é admitir que a  faculdade é para leitores de Rousseau com apatia sexual e começar a me dedicar ao trabalho de traduzir Proust para 10 idiomas onde as pessoas que os falam são analfabetos , surdos e estão prestes a ir comprar pão.

Nesses momentos de dúvidas que marcam a vida do homem se torna essencial uma coisa, na verdade duas, um bom advogado e Deus, como sei que as duas coisas não existem , vou atrás do contato feminino.
Ando saindo com uma garota muito interessante, talvez a mais interessante desde que foi a única que eu consegui sair até hoje na minha vida.  Seu nome é Verônica Monet, na verdade é Valéria Manet, mas ela disse que prefere os pontos aos traços, enfim. Liguei para ela, depois de insistir algumas vezes, mandar e-mails, e colocar a foto dela no telejornal local, consegui falar com ela, resolvendo sair comigo. Como bom universitário, fomos a um bar barato, onde por 10 pratas, além de você ficar muito bêbado, o dono dança macarena , recita William Blake, e toca com talheres na mesa a 9 sinfonia de Beethoven.  Fomos direto para sua casa, me sinto mal na minha, morando com minha mãe, ela não aceita que traga mulheres para casa, principalmente se elas forem vacinadas, alfabetizadas e aceitarem o criacionismo do bolo de fubá pelos espanhóis, diferente da maioria que claramente sabe que foi feito pelos búlgaros enquanto ouviam tico-tico no fubá tocando por Rachmaninoff. O sexo foi bom, consegui fazer enquanto fichava um livro com o tema ‘Modernidade: como Baudelaire Spleen e Charutos, ou Drauzio Varella e o fim do tabagismo, do grande historiador Peter Gay.
Ao realizava tal manobra intelecto-sexual me lembrei sobre o estado lamentável que me encontrava, é também como estava prestes a perder meu direito a participar das rodinhas de boteco entre universitários. Não falo isso da boca para fora, assinei isso quando me matriculei na universidade, entre outros pontos que eu aceitava ao sair da universidade era desfazer imediatamente a minha banda de heavy metal norueguês e renegar três vezes Gramsci enquanto se dança bonga bonga.  Conversei com a Vanessa Gauguin, na verdade ela diz que depois do sexo ela gosta de se sentir uma taitiana abstrata. Falei da minha situação, a primeira coisa que ela fez foi claro fumar um pouco de erva, depois disso foi dormir por 3 dias, cheguei a pensar eu achando que ela sofria de catatonia, e eu era um personagem de Álvares de Azevedo, depois disso contudo ela me respondeu “seu bundão saia da minha casa”. Então me encontro aqui sem saber o que fazer, sem dinheiro, sem namorada, e prestes a sofrer desligamento da universidade federal do... Resolvi dar minha ultima cartada que era conversar com o Prof. Boa-Morte da cadeira de História da História para Historiadores que acham que a História serve para algo II e III, chefe do colegiado, não antes de deixar meu testamento onde escrevi uma poesia romântica que estudiosos no futuro poderiam enquadrar em “patético, genial, lastimável ou uma boa receita para croissant”. 

Falei com meu professor sobre minhas notas e cursos abandonados principalmente História da Literatura Americana Moderna onde o tema, ele olho para min com pena, principalmente porque eu havia colocado dois sapatos de cores diferentes. Então após conversamos ele me orientou para que eu carregasse uma cruz pelo campus da universidade enquanto a comunidade acadêmica me xingaria de traidor e falso profeta, então talvez nosso Reitor Pôncio Pilatos – Simplesmente Pilates nas noites da capital -  poderia perguntar para os acadêmicos se me perdoariam, caso contrário eu teria que transformar água em vinho para a festa de final de ano dos professores. Achei isso loucura, mas resolvi pedir clemência a universidade e aprender química para transformar a água em vinho.  Um diploma requer muito esforço intelectual afinal de contas, uma vida de rebeldia sem mulheres intelectuais e frigidas vale muito para um homem.

Dr. Katatoviski

Certa noite após beber muito - algo como chá mate gelado - para esquecer um amor perdido resolvi ligar para meu analista, o Dr. Katatoviski, ele me disse que sempre que tivesse uma crise psicanalítica, política ou para abrir um pote de azeitonas eu poderia ligar para ele, de qual qualquer modo tenho evitado, acho que aquela vez que ele foi fantasiado de Carmem Miranda cantando Leãozinho no meu ouvido não tenha sido uma nova abordagem, como ele mesmo me respondeu na outra consulta quando foi de fantasiada de Madonna em ‘Like a Virgen’ para testar o modo como meu libido pode ser explorado – feitishismo abstrato a garotas não comidas na juventude – como ele mesmo disse.

          Ele me atendeu, ele perguntou o que eu sentia, eu disse “Dr. Katatoviski, estou me sentindo muito só, meio tonto, sem fôlego, como estivesse em uma música do Carlos Gardel onde meus amigos e minha me abandonam, meu cachorro manda seu advogado dizer que me rejeitou por justa causa pelo fato de  eu ser um bundão”. “Não se preocupe Sr. M.” (vou evitar meu nome), isto é apenas uma disfunção sexual, ou como o grande Mestre Freud disse, cape umas ninfetas enquanto elas não te capam”, “doutor , tem certeza que o Dr. Freud disse tal coisa?”, “Quem falou em Freud seu panaca, eu falo do Dr. Fred  o médico que eu vou caçar  girafas nos fins de semana”, “doutor, não existem Girafas no Brasil” , “Cale-se , para Wittgenstein você é apenas uma troça para a lingüística existencial do salaminho, nem por isso deixo de falar com você”.

Assim nossa conversa acabou, e resolvi como ele havia me dito tentar sair com alguma garota que não tivesse três olhos, ou usasse os tênis ao contrário para representar a ‘Pachacha Mamma’ como minha ultima namorada antropóloga. Mandei algumas indiretas pela internet, alguns emails, mensagens pelo celular, na verdade cogitei até sair com minha mãe, mais me lembrei de Édipo Rei, e que tinha uma consulta com o oftalmologista na outra semana, me sairia muito caro sangrar meus olhos. Depois de muito desespero e ter lido a obra completa de Proust sobre culinária francesa arrumei uma garota para sair, seu nome era Alice M., conheci ela na faculdade, mas sempre só nós encontrávamos naquelas festas onde tocavam a vanguarda de musical contemporânea, futuros corretores de imóveis e vendedores de carros chineses. Quanto ao M. prefiro não dizer o porquê, só digo que é um apelido dado pelos seus amigos viciados pelo vicio dela em certa substância que fazia Bob Marley se tornar um titã das sonecas antes e depois do almoço.

Fomos a um barzinho, bom som, jazz, mesas de madeira, uma cerveja barata e um calor infernal, um típico acasalamento nos trópicos para pessoas de baixa renda que se recusarem qualquer matéria que não tivesse leitura de Rousseau ou Quem Comeu meu Queijo para iniciantes. Conversamos sob gostos artísticos, eu disse que adorava Modigliani, ela disse que adoraria chupar os pinceizinhos do Pollock, eu falei que estava aficionado por grupos de música folks da Groelândia, ela me disse que já havia dado para uma orquestra completa com oboés, pratos e dois maestros. Perguntei se ela gostava dos romancistas russos, ou preferia a crítica social dos franceses, ela me disse que lia Paulo coelho com um copo sobre o livro, coisa que eu achei inverossímil, mas aceitei. De qualquer modo foi um encontro daqueles, fomos para meu apartamento, ela resolveu acender um cigarro para selar nossa relação naquela noite, na verdade meses depois descobri que ela fumava aquilo porque era homossexual, mas eu lembrava uma tia que ela sempre teve desejos kafkianos.  Naquela noite deu meu máximo, fiz todas as posições possíveis e imagináveis em meu 1 minuto e 30 segundos, quando dormimos.
No outro dia acordei melhor, até consegui ler um livro de Saramago lançado post-mortem, “Ensaio sobre dobradinhas e outras iguarias do Alentejo”.   E uma introdução do Harold Bloom para Shakespeare “como seu tênis e sua calça apertada e um desvio de Hamlet e dos cânones literários ocidentais: uma interpretação da literatura para pessoas burras que acham que  Hemingway e melhor que Goethe, e Goethe e melhor que fazer sexo numa sexta feira com uma mulher chamada Carla na realidade”.

Depois desse dia continuei saindo com Alicia. M, até um dia que ela apareceu com uma prima que usava roupa de homens e ficava apalpando ela, enquanto eu chorava por Bergman ter matado Deus, e Simenon ter descoberto que era apenas um engodo para passar mercadorias para a Suécia pelas fronteiras da Macedônia. O que eu descobri no final das contas aqui foi simplesmente que não se pode amar todas, mas se conseguir dormir com a maioria e ainda conseguir recitar William Blake em seus ouvidos vestido de Virginia Wolf é uma grande coisa.