domingo, 13 de novembro de 2011

Sobre meu desligamento da universidade

Sobre aos que me perguntam sobre meu desligamento da universidade conto meu relato dos fatos ocorridos para não deixar duvidas.
Ao acordar certo dia recebo uma correspondência, carta de minha faculdade, nela  escrito que eu tenho apenas 15 dias para conseguir não ser desligado desta nobre instituição do curso de Metafísica histórica com ênfase no dedão do Marc Bloch.

Alguns me perguntarão o que fiz para chegar a este ponto, outros perguntarão se vai sair um cafezinho, de qualquer modo respondo a todos, o que se passou é que entrei muito novo na universidade, este sou eu aos 17 anos compreendendo a filosofia alemã:
-Quer me dizer que se eu ler esse tal de Niesztchen junto com essa erva eu vou me tornar um Superman? Isso significa que eu vou comer alguém ou me tornar tão demente que vou usar a cueca sobre as calças?
Aos já 19 me indagava sobre as luzes :
-O que é a vida? Voltaire disse que eu matei deus, logo tudo é permitido, o que significa exatamente? Que eu posso usar cocaína, comer aquela mulher quarentona e encher a cara até desmaiar que não irei contra a lei?
Aos 20:
-Qual a crítica epistemológica da pamonha com o quibe assado, qual o significado, significados, PRECISO de significados.

E hoje aos 22 me encontro totalmente desanimado, com minhas leituras, filosofias e aparato cultural que faria Borges encontrar o caminho dos caminhos que se bifurcam, sem uso, esperando o próximo dia, pensando, que diabo faço eu com esta universidade, não estudei nada, o que eu estudei achei pouco relevante, não que estudar história da fabricação de pasteis e outros quitutes pelos excluídos e hereges na idade média não seja relevante para a sociedade capitalismo moderna, contudo o que me parece que não existe muito sentido em tentar ensinar algo a um garoto que nunca vai ser um individuo pleno de civilidade,  no máximo um animal sedento por mulheres rudes , e chapéus quadriculados que fazem todos parecerem muito, muito malandros. 

           Existem duas possibilidades,uma dela e aceitar a angustia existencial da vida e pular a ponte fantasiado de Ricardo III gritando “Meus discos de Wagner por um pára-quedas”, uma forma iluminista de se morrer aceitando a gravidade, outra é admitir que a  faculdade é para leitores de Rousseau com apatia sexual e começar a me dedicar ao trabalho de traduzir Proust para 10 idiomas onde as pessoas que os falam são analfabetos , surdos e estão prestes a ir comprar pão.

Nesses momentos de dúvidas que marcam a vida do homem se torna essencial uma coisa, na verdade duas, um bom advogado e Deus, como sei que as duas coisas não existem , vou atrás do contato feminino.
Ando saindo com uma garota muito interessante, talvez a mais interessante desde que foi a única que eu consegui sair até hoje na minha vida.  Seu nome é Verônica Monet, na verdade é Valéria Manet, mas ela disse que prefere os pontos aos traços, enfim. Liguei para ela, depois de insistir algumas vezes, mandar e-mails, e colocar a foto dela no telejornal local, consegui falar com ela, resolvendo sair comigo. Como bom universitário, fomos a um bar barato, onde por 10 pratas, além de você ficar muito bêbado, o dono dança macarena , recita William Blake, e toca com talheres na mesa a 9 sinfonia de Beethoven.  Fomos direto para sua casa, me sinto mal na minha, morando com minha mãe, ela não aceita que traga mulheres para casa, principalmente se elas forem vacinadas, alfabetizadas e aceitarem o criacionismo do bolo de fubá pelos espanhóis, diferente da maioria que claramente sabe que foi feito pelos búlgaros enquanto ouviam tico-tico no fubá tocando por Rachmaninoff. O sexo foi bom, consegui fazer enquanto fichava um livro com o tema ‘Modernidade: como Baudelaire Spleen e Charutos, ou Drauzio Varella e o fim do tabagismo, do grande historiador Peter Gay.
Ao realizava tal manobra intelecto-sexual me lembrei sobre o estado lamentável que me encontrava, é também como estava prestes a perder meu direito a participar das rodinhas de boteco entre universitários. Não falo isso da boca para fora, assinei isso quando me matriculei na universidade, entre outros pontos que eu aceitava ao sair da universidade era desfazer imediatamente a minha banda de heavy metal norueguês e renegar três vezes Gramsci enquanto se dança bonga bonga.  Conversei com a Vanessa Gauguin, na verdade ela diz que depois do sexo ela gosta de se sentir uma taitiana abstrata. Falei da minha situação, a primeira coisa que ela fez foi claro fumar um pouco de erva, depois disso foi dormir por 3 dias, cheguei a pensar eu achando que ela sofria de catatonia, e eu era um personagem de Álvares de Azevedo, depois disso contudo ela me respondeu “seu bundão saia da minha casa”. Então me encontro aqui sem saber o que fazer, sem dinheiro, sem namorada, e prestes a sofrer desligamento da universidade federal do... Resolvi dar minha ultima cartada que era conversar com o Prof. Boa-Morte da cadeira de História da História para Historiadores que acham que a História serve para algo II e III, chefe do colegiado, não antes de deixar meu testamento onde escrevi uma poesia romântica que estudiosos no futuro poderiam enquadrar em “patético, genial, lastimável ou uma boa receita para croissant”. 

Falei com meu professor sobre minhas notas e cursos abandonados principalmente História da Literatura Americana Moderna onde o tema, ele olho para min com pena, principalmente porque eu havia colocado dois sapatos de cores diferentes. Então após conversamos ele me orientou para que eu carregasse uma cruz pelo campus da universidade enquanto a comunidade acadêmica me xingaria de traidor e falso profeta, então talvez nosso Reitor Pôncio Pilatos – Simplesmente Pilates nas noites da capital -  poderia perguntar para os acadêmicos se me perdoariam, caso contrário eu teria que transformar água em vinho para a festa de final de ano dos professores. Achei isso loucura, mas resolvi pedir clemência a universidade e aprender química para transformar a água em vinho.  Um diploma requer muito esforço intelectual afinal de contas, uma vida de rebeldia sem mulheres intelectuais e frigidas vale muito para um homem.

Nenhum comentário:

Postar um comentário