quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Livre interpretação para Blasfêmia de William Blake

Tua ira se anunciará no mundo e todos os homens, pequenos, grandes, crianças ou velhas se dilataram na tristeza imensa, na sofreguidão, nada será perdoado, esquecido , sempre vilipendiado, sempre amesquinhado. Nem uma sensação, nem um sentido perdido. Tudo será rememorado pelos séculos, à culpa, o flagelo, intempéries da alma e da boca, toda sujeira revelada, nada valerá mais a pena, nem o comboio no rio nem o lago diáfano. Tu que me revelas imprescindível, tu nada serás que um eu regozijando a perda da espontaneidade, a serenidade das palavras, você não será nada, não poderá ser nada. Séculos por séculos, dias por dias, horas por horas, o mal de teu seu, agora não é mais nada que uma algaravia perdida em algum canto da floresta do eu. Querentes os homens, ai os tens. Besta tu és, um Deus nunca, somente o anunciado. 

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Pequeno caso de John Rodriguez

Estava em um bar quase cerrando as portas, eram 5 da manhã do ano de 1947, ainda estava um breu lá fora, aqui dentro um pouco mais quente, o copo um pouco mais vazio, esperava que ela ligasse ainda que soubesse que isso não iria ocorrer esta noite, A cabeça começava a latejar com o excesso de cigarro. A marca não interessa, o que interessa que estava um turbilhão de nervos, me preparava para mais um caso, era final de primavera e já se podia sentir os primeiros ares quentes dos verões extremos dessa região do continente. Ainda que continuasse com o coração partido tinha que terminar mais um trabalho para conseguir fechar as contas do mês, o governo precisa muito da minha contribuição para mandarem seus filhos passarem férias na frias montanhas na suíça, ou qualquer outro lugar sem pobres impertinentes.
                Paguei o que devia e percebi que era hora de tomar um café é ir para casa tomar um banho, Nessa manhã, uma quinta-feira, deveria seguir a mulher do meu contratante, o Sr. Jacob Reynolds, empresário da área de construção, apesar dos ganhos tremendos conseguindo contratos com o governo, não conseguia evitar que sua própria mulher a passasse a perna. Não vou muito com a cara desses engomadinhos corruptos, contudo é preciso um idiota passando fome para aceitar certos serviços sujos. Rumei para casa, me arrumei, coloquei um paletó escuro, como todos os outros, não me importava o calor que faria de dia, É preciso sempre manter-se discreto.
                Minutos depois, cerca de 7 horas da manhã estava com o carro estacionado a alguns metros da casa da Senhora que deveria seguir, já fazia este serviço a cerca de 2 semanas, e diferentemente dos livros este trabalho não é nada emocionante, Mas eu entendo o cinema, Humphrey Bogart ficaria duas horas esperando alguém, ninguém chegaria até o fim do filme, nem o caso séria resolvido, ele também precisa pagar suas dividas e suas divas. Por sorte hoje ela foi pontual, as sete e meia já saia de casa em seu Ford modelo 1947, último modelo, Tenho que admitir que ela possuía uma beleza descomunal, e uma postura incomum nas mulheres da elite de hoje, nada vulgar, porém com uma pernas que fariam os trabalhadores de sua empresa pararem para darem uma bela assobiada e algumas cantadas baratas. Continuei-a seguindo, já sábia que as quintas ela ia ao Salão de Beleza, depois disso ela iria visitar umas amigas para o almoço onde após assistirem algum filme europeu para discutirem nessas reuniões dos figurões nas sextas a noite, e talvez no sábado, É preciso muitas festas para seus maridos admitirem sua falta de virilidade. Tudo iria ocorrendo como o previsto, foi cuidar de seu belo rosto, depois foi almoçar com umas amigas em um restaurante árabe caríssimo na zona sul da cidade. Eu ficava em meu carro fumando um cigarro e comendo um sandwiche que havia esquecido no porta malas a uns dois dias atrás. A uma e meia ela já se dirigia ao cinema como de costume, contudo perto de entrar um homem bem trajado, com um paletó cinza e grava preta usando um óculos escuro se aproximou dela, parecia ser um amigo, deram um abraço e um beijo caloroso, contudo percebi que havia alguém junto com este sujeito , sabia pela prática que quando alguém estava a espreita com outro pelas faces do seu rosto, sempre espreita, tentando dar uma de segurança de mafioso de quinta categoria, Resolvi entrar no cinema, engraçado que era uma película antiga de um filme noir que vi na adolescência e me fez escolher estupidamente esta carreira, mas não vou discutir minha vida errônea agora.  Sentei-me a um par de cadeiras afastado, percebi que ele falava algo ao seu ouvido, o que poderia ser aquilo, será que este era seu amante ou coisa que valha? No meio do filme ele saiu segurando ela pelo braço, ela se encontrava muito tranqüila, seu capanga saiu junto, fiquei triste, era cena em que a personagem de Ingrid Bergman mostraria seu poderio de persuasão. Sai do cine.
                Eles começaram a rodar pela cidade, não pareciam ter uma direção certa, pensando que talvez fossem para algum lugar deserto perto das docas abandonadas, ou em algum covil em direção as áreas rurais ao oeste, na verdade foram parar na avenida central, onde estranhamente o carro encostou-se à calçada, jogando um corpo, de longe, em meio aquele congestionamento da área central pensei que a haviam matado, desci do carro e fui correndo pensando no pior, contudo ao chegar perto do corpo jogando na calçada com uma multidão gritando encontro na verdade o capanga , pelas suas bochechas flácidas avermelhadas e seus olhos saindo pela face do rosto imaginei se tratar de estrangulamento, infelizmente o carro havia partido, voltei para meu carro, contudo eles haviam despistado,  ainda que houvesse anotado a numeração do carro, sabia que era uma placa fria. Ao voltar ao cinema para ver se encontrava o carro da Sra. Reynalds , ele já não se encontrava mais lá, achei  isso uma loucura tremenda, resolvi ir para a mansão do Sr. Reynalds e avisar sobre o acontecido, Ao tocar a companhia, falei que era eu o Detetive Rodriguez , Logo o portão se abriu, entrei e esperei na sala,  para meu espanto quem me aparece não é nada mais nada menos que a Sra. Reynolds em seu lindo vestido florido branco, ela me olha por alguns segundos e diz “O que você quer”, sou direito é digo que quero conversar com o seu marido, sobre um trabalho, ela me diz diretamente “Eu sei o que você faz, sei que anda me seguindo, se afaste agora, ou será pior , muito pior para você”, fico atônito com essa revelação, como poderia ela saber algo, sou o melhor no meu trabalho, apesar de ser um dos piores para cobrar , e sempre viver no limite do aceitável para alguém como eu. Eu disse que estava de acordo, mas antes deveria conversar com o Sr. Reynolds para receber meus ordenados, ela simplesmente tirou um bolo de notas de 100 de sua bolsa e jogou em meu colo, “Não quero saber de você por aqui, acho que isso já basta, saia agora de minha casa e de nossas vidas”. Como um bom trabalhador, peguei o dinheiro, acendi um cigarro e me despedi formalmente. Contudo isso não me cheirou nada bem, aproveitei que estava dentro de sua propriedade e resolvi ir para os fundos da casa, subi em uma trepadeira sorrateiramente até o que pareceu ser o escritório do Sr. Reynolds, vendo que estava vazio ,entrei, resolvi ver se encontrava alguma pista para saber o que estava ocorrendo, abrindo as gavetas percebi que havia uma foto, mais uma surpresa, era do sujeito que entrou no cinema com sua esposa, atrás havia apenas uma sigla em quatro letras “I.K.I.T”. Ouvi barulho de alguém se aproximando do quarto, sai rapidamente pela janela e fiquei no parapeito, quando entram o Sr. e Sra. Reynolds, percebi que discutiam algo banal, quando derrepente há um silêncio e claramente se houve um barulho de disparo, espero alguns segundos e entro no quarto, contudo não a mancha de sangue nem mesmo um corpo,  resolvo sair dai e ir para meu escritório, chegando lá tomo um gole da vodka barata que fica na minha escrivaninha,  sentando na cadeira tentando compreender o que havia acontecido naquele dia, com fortes dores de cabeça ouço passos e alguém joga um bilhete por baixo da porta, vou correndo para ver quem o fez, O corredor está vazio, pego o bilhete e abro, esta uma carta simples de algumas poucas páginas que diz:

“Caro Sr. Rodriguez
Qualquer som das batidas do relógio devem ser silenciados, a cidade toda parará, então você saberá o lugar certo na hora errada”.  Isso se dará daqui uma semana, esteja pronto.
Att.
Seu amigo.

Fiquei perplexo pensando no que aquilo quereria dizer, minha vida parecia chiste barato, Resolvi tirar um pequeno cochilo no sofá velho do meu cubículo que tento chamar de meu escritório.

Acordo exaltado, dormi quase duas horas, já era noite la fora, resolvi ir no bar do joe’s tomar um copo de café e pensar sobre o caso. As peças não se encaixavam, tudo parecia ser demasiadamente confuso para min, corpos, cartas, tiros, nenhuma prova, eu poderia ir atrás disso, ou poderia ficar quieto na minha com a grana que eu recebi poderia passar alguns  meses tranqüilos, até mesmo tirar umas pequenas férias merecidas, Idiota, como eu não me conhecesse, a vida pacata é muito pouco para min, eu precisava de tudo ou nada, por isso me encontro neste buraco, que posso fazer, vou dar umas ligações talvez eu encontre algo, não antes do meu café. Enquanto tomava umas xícaras do liquido escuro com umas gotas de whisky barato, escuto uma conversa ao fundo de dois jovens desmiolados , conversavam sobre o jornal final do campeonato de baseball onde o time da cidade o X. Enfrentaria o time Y. , Joe, dono do lugar com seu mesmo nome disse-me se eu me inteirava na partida, eu disse-lhe que nada mais podia me interessar menos do que um jogo de baseball, preferia ler um livro sobre algum pederasta Frances a assistir uma partida de baseball, ele riu, disse que as apostas estavam em alta, tinha jogado 10 contra o time local,  falou sobre os jogadores, etc, etc, já estava me aborrecendo com este papo, contudo ao me dizer que daqui uma semana ele não iria abrir para poder ir ao estádio ver o jogo tive um relapso , perguntei de forma ansioso quando seria a final, ele disse-me ser daqui a um pouco mais de uma semana, no outro domingo, Assim que ele me disse isso tirei imediatamente a carta no bolso e compreendi o que ela queria dizer, neste dia da final toda a cidade iria assistir a este jogo, as ruas estariam vazias. O relógio da carta só pode ser o da estação central, era minha chance de compreender o caso, ao menos uma parte, tirei do bolso uma nota de 5 e paguei, ele disse que o café custava apenas 50cents, eu disse que se eu fosse parar no hospital ele me comprasse flores e uma caixa de bombom.

Agora não havia muito que fazer, resolvi ir para casa descansar, ao chegar atirei o paletó na cama, fui tomei uma ducha, tentei ler um pouco, mas estava muito cansado e dormi por algumas horas, contudo quando já passava das duas da manhã ela liga. “John, John, você está ai? Quem fala e Madalene, tenho recebido suas mensagens, suas ligações, não quero mais nada com você, não compreende? O que tivemos já passou, eu estive ao seu lado, mais você me trocou por seu trabalho e sua melancolia, poderíamos estar morando juntos, agora não mais, eu já não te amo, me esqueça, pare de beber e de me ligar por favor.” Eu disse apenas um sim e desliguei. Eu amava-a, talvez não chegasse a amar outra, ou de outra forma talvez, porém aquilo tinha acabado, não sei quanto whiskys , trabalhos e noites mal dormidas eu iria ainda precisar para esquece-lá, porém devia ser homem, ao menos uma vez na vida.

Os dias seguintes passaram rápido, eu ainda tentei fazer vigia em frente da casa dos Reynolds, contudo percebi que eles não saíram de casa nesse tempo todo, ainda que tenha recebido algumas pessoas.

Perto de começar o jogo me arrumei, estava um dia estranhamente frio, coloquei meu sobretudo bege e sai. Dirigi até estação central, esperei que faltassem apenas alguns minutos para iniciar a partida e entrei, fui em direção a torre do relógio, realmente a estação se encontrava vazia, do outro lado da avenida os bares estavam cheios de pessoas, resolvi me espreitar em algum lugar que não fosse tão visível, observei por algum tempo, quando por um estante vejo o Homem que entrou no cinema com a Sra. Reynalds acompanhada do próprio Sr. Reynalds, achei aquilo tudo uma tremenda confusão, que poderia ser isso?  Nunca havia presenciado tantas reviravoltas em um caso, nem mesmo quando pediram para espionar o dono de uma industrial de carrosséis. Em um estante sinto uma pancada na nuca e apago...

Encontro-me na cúpula do relógio, amarrado, Tento me desvencilhar mas é impossível, Uma a voz fala comigo “É seu patife, você não recebeu o recado de minha esposa, eu disse para que larga-se o caso, mas não, você não ouviu, pegasse o dinheiro e sumisse, mas sempre bisbilhotando, sua raça é uma das piores, detetives!”. Sei, eu também acho odiosa minha profissão, mas quem é ele para dizer alguma coisa. Argumentei dizendo que havia recebido uma carta, é não sabia de nada que estava ocorrendo, usei das minhas aulas de retórica que aprendi na universidade, uma das poucas coisas. Ele disse que já era tarde para demonstrar qualquer tipo de atitude de clemência, que eu havia visto muito é que agora iria subitamente cair daqui de cima em um ato de suicídio, dado pelas dividas e alcoolismo, Malditas pessoas jogando meus problemas nas piores horas.  Contudo esse panaca e seus capangas poderiam fazer muitas coisas, menos dar um maldito nó nessas cordas, enquanto ele falava estas asneiras percebi por uma sorte tremenda que consegui atar a corda, porém ele continuava apontando a arma em minha direção, quando percebi que hoje não era lá um dia de tão má sorte apesar de estar a poucos metros de uma morte anunciada, meu sobretudo por acaso tinha uma pequena pistola que sem perceber havia esquecido em um dos bolsos, fiz algo que aprendemos desde criança para sacanear as outras e fazer algo cômico, nesse caso mais trágico, olhei com surpresa e disse “O que é isso passando atrás de você”, quando ele virou para observar, eu tirei a arma do  casaco e apontei para ele. “Seu facínora, te peguei, como você mesmo disse não tenho muito motivos para estar aqui , morto ou em uma prisão, solte sua arma e vamos conversar”, Ele olhou atônito para min e riu, colocou calmamente a arma no chão e disse que estava tudo bem.
                Comecei perguntando o que se tratava tudo isso, essa carta, o sujeito, o corpo e o barulho de disparo em sua mansão, Ele disse que eu era um péssimo detetive, tantas provas é já saberia muita coisa, talvez ser aclamado na cidade como herói contra corruptos, enquanto ele falava isso o amigo de sua esposa subiu e ao ver ele naquela situação soltou um disparo contra ele e saiu correndo, tentei correr até a portinhola da saída, porém ele já sumira pelas escadarias, fui ver o Sr. Reynalds, ele já se encontrava morto, resolvi sair dali , o caminhão de lixo cheirava melhor do que tudo isso.

Resolvi tomar um trago para por meus nervos nos lugares, pelas ruas as pessoas tinham epifanias de alegria, o time local havia vencido o jogo e todos estavam em frenesi sem tamanho, bares lotados, um homem não pode matar sua vida em um copo em certos dias, por sorte tinha ainda meio litro de Scott no meu escritório. Tomei um gole profundo a chegar, fiquei apontando a arma para o teto pensando no que poderia ser aquilo tudo, em quinze  dias, dois corpos, um disparo, um dos principais empreiteiros da região sul morto, que estava ocorrendo afinal, eu devia realmente dar o fora disso tudo, que se dane, tenho minha honra de profissão, mas também minha esperteza. Contudo essa sensatez durou muito pouco, logo o destino me pregou outra peça, policias batendo na porta, fui abrir, era o Delegado Costagravas com seu eterno puxa saco, o policial Augustin, “O que vocês dois querem aqui, não posso tomar um trago e odiar esta cidade por algumas horas?” , “Olhe seu bastardo, nós percebemos que estava junto ao corpo a duas semanas atrás, do morto na avenida central, agora viram você saindo do local onde um dos maiores bem-feitores da cidade o Sr. Reynald, se encontra morto,  quero saber o que afinal esta acontecendo aqui, você esta escondendo algo, melhor ir dizendo logo tudo, o prefeito e sua cúpula estão furiosos, é melhor falar comigo caso não queira perder o pouco de honra que você tem.”. Ofereci um trago para ambos, e comecei falando desde quando fui contratado a cerca de um mês, falei que era simplesmente para seguir sua esposa, e depois os engodos que fui me metendo. Passado alguns minutos contando minha historinha,  disse que era a vez deles soltarem alguma. O Delegado grego disse-me que o morto era na verdade um zé-ninguém, talvez um laranja pego por acaso, que estava por algum tipo de ética cristã querendo abrir a boca sobre a podridão de certos contatos do Sr. Reynald com gente graúda para conseguir contratos, já sobre o outro ele disse não saber de quem se tratava, eu por sorte havia  pego uma foto e entrego a ele, ele viu o sujeito e se assustou, disse-me se tratar de um dos maiores contrabandistas de toda costa sul, o canalha se chamava Arnold “Casanova” Chapman, dizem que era uma espécie de Jay Gatsby , só que dos barras pesadas, ele poderia estar tendo um caso com agora viúva Sra. Reynalds, porém não tinha muito o que falar sobre isso, eu devia sair do caminho e não interferir em assuntos de pessoas “sérias”, Como esses pintinhos fardados fossem alguma coisa séria, séria para escrever piadas talvez. Disse ok e que ia tirar umas férias por um tempo fora da cidade, estava mesmo cansado disso tudo. Se despediam, não antes de contar aquela do policial que fala para loira de-me sua identidade, ela pergunta, o que é, ele diz , é algo retangular, ela tira um espelho e entrega pro policial, ele olha e diz , Não sabia que também era policial. Eles riem , o grego diz “John melhor se cuidar, não quer estar em cenas de crime e não ter nem uma pequena para te visitar na prisão”. Era um patifes como todos os fardados.

Esta história toda de sair da cidade é uma furada, eu tinha assuntos pendentes para resolver, a primeira coisa que iria fazer e ir no dia seguinte no arquivo público fazer uma pequena vistoria se encontrava algo sobre estes sujeitos. Esta noite já, uma longa noite, tomei alguns bons tragos para esquecer um pouco tudo aquilo, dei uma baforada em um dos meus melhores charutos no ar, fazendo um coração, que por certo acaso se partiu bem no meio.
No dia seguinte fui ao arquivo como planejado, lá fiz o levantamento sobre todas as pessoas envolvidas no caso. Descobri o endereço do tal “Casanova” Chapman, organizei alguma informações e fui a seu endereço montar guarda, morava estranhamente em um dos melhores bairros da cidade, contudo sua casa parecia uma mansão mal-assombrada. Após algumas horas vejo alguém saindo , quando lho bem vejo que é o mesmo carro do outro dia que jogou o cadavar pela porta, para minha surpresa maior a Sra. Reynalds estava nele, segui-o, quando vejo estamos no cemitério de Santo Carlos na zona campestre da cidade. Eles estão indo para o enterro do panaca do Reynalds, Seu assassino e sua esposa que o passava para trás, bem Hamletiano, com a diferença que com sorte um fantasma apareceria para ele contanto todo o caso, comigo são apenas tiras querendo que eu saia do caso. Espero o enterro acabar e volto para meu carro, vejo que eles novamente entram no veiculo e saem em disparada, sigo-os, quando vejo estão na Marina da cidade, sobem em um navio , resolvo novamente de forma estúpida subir de forma furtiva na embarcação. Quando chego lá encontro uma reunião de magnatas, políticos, entre eles o Senador Cussac e o prefeito Mayer.  Pensando que tudo era muito maior que podia imaginar, um dos marinheiros do iate me acerta, contudo desta vez seguro as ondas, dou um jab direto no seu lindo queixo de cozinheiro de mariscos , fazendo ele desmaiar, aproveito a situação, amarro ele no banheiro interno , aproveito e troco roupa com ele, me sinto um pouco engraçado, mas agora tudo será assim.
Todos outros estão bebendo, fumando e rindo muito, enquanto aqui dentro no convés uma turba de negros e latinos cozinhavam sem parar, ou serviam seus virtuosos governantes e patrões.  Resolvi me disfarçar no ambiente e escutar furtivamente a conversa, não escutando nada mais do que umas piadas baratas resolvo investigar o resto do barco, entro em um pequeno escritório, onde remexendo a papelada descubro ser o barco do Chapman , ainda melhor vejo a arma que deve ser a do disparo, muitos arquivos, penso que é o momento de ligar para os tiras, eles que resolvam o resto, falo com o Tenente  Grego, informo o que aconteceu, após dizer algumas palavras bonitas sobre minha pessoa , minha mãe e meu traseiro, ele aparece com algumas viaturas, eu sabia que aquilo não ia dar em nada, políticos, mafiosos, e os piores, as femme fatales.  Alguém pode me perguntar, então porque eu chamei eles, os tiras, peixes pequenos perto dos graúdos que se encontravam no barco. Ora, tempos negros, caça as bruxas, descubro que Chapman é na verdade Ionescus Kazinski Ivanoviovitch Tarkovisky, um espião russo que apaga todos os ex-empresários que financiaram Stalin na II Guerra Mundial, depois que os traíram cortando os subsídios e denunciando os planos militares para o governo americano.  Só penso como um idiota deixa estes arquivos jogados em uma simples gaveta, as histórias do Mundo e das vidas de multidões são apenas pequenas folhas amarelas em gavetas mal arrumadas.
Os Tiras invadem a embarcação, com os federais após meu chamado.No final após mostrar os documentos para o Tenente Grego, ele chama imediatamente os federais, e claro, os jornalistas, todos vão presos, descubro então que a Sra. Reynalds na verdade é uma ex vedete russa, Sabrina Vaniaia Krataniskaia, mandada nos anos 30 para o Estados Unidos, com identidade falsa para fazer um ricaço se apaixonar por ela e poder subverter-lo e ajudar a causa Russa, contudo após o fim da Segunda Guerra e a perseguição McCharthy, sendo seu marido um fantoche soviético, resolve declarar patriotismo e cancelar os negócios, Ionescu Tarkovisky foi mandado para matar Sabrina Karaniskaia , contudo logo se apaixona por ela, tramando um jeito de matar seu marido, eles tentam me envolver nisso tudo, como boa espiã, sabia que seu marido havia contratado alguém para perseguir-me, ela arma o encontro na estação central, como outras ações, matando seu marido e me incriminando, um detetive falido atrás de grana para sobreviver, ela poderia além de se casar com seu “Casanova” , ainda ficaria com toda a fortuna do seu marido trouxa. Continuando as ações com moscou. Contudo eles pensavam que eu era mais um americano estúpido. Talvez eu seja estúpido, mas sou dos especiais, daqueles que só se encontram em romances de Hemingway lutando por uma república na Espanha.
A prisão dos espiões se torna notícia por toda América, as informações contudo dos políticos fica panos quentes, Por acaso o Sr. Reynald como o Senador Cusac e o Prefeito Mayer são grandes financiadores do presidente Truman.  Assim continua a grande história da América, comunistas comem crianças, os nossos políticos os deixam morrer de rir. Eu resolvo dar umas férias forçadas, vou para o México tomar tequila e gastar toda minha grana, afinal um bom detetive não pode ter muito para o próximo mês, caso contrário ele pode querer escolher os melhores casos.

FIM.

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Sobre o consultório Médico

         Estava eu uma manhã destas na sala de espera do Hospital, enquanto esperava que chamassem minha mãe para uma consulta na qual a acompanhava como bom filho que sou, resolvo neste ínterim ler o livro que havia levado comigo, “As intermitências da morte” de J. Saramago. Ao que me vêem um idoso, bem velinho, com seus mais de oitenta anos, senta-se na minha frente, debilitado, maçãs murchas, olhos caídos, meio babado, meio vomitado. Espera que lhe consultem, olha para min com a cara de um cachorro velho, com aquelas sobrancelhas rústicas e pesadas. Estava na parte do livro em que a morte escreve uma carta dizendo que resolverá matar novamente assim que soar os badalos do outro dia, Penso nesse momento assustado, sé me morre agora este velho, se por alguns minutos ou segundos a morte resolve parar de matar para respirar e logo começa a passar sua foice pictórica. Leio cada palavra como sendo a última deste ancião a minha frente, penso “vai levá-lo , vai levá-lo, pare de ler” Sinto-me alguma coisa culpada, idéia idiota , pressinto então o
poder definitivo da literatura, este é algum tipo de misticismo  das letras, dos cabeças vazias, dos que acham que um livro pode mudar o mundo, que podem palavras da morte escrita por um português interferir em uma cidade nos trópicos do Brasil. 
                O velho após alguns minutos vai para sua consulta, a morte ainda não chegou para ele, ainda que se espera que falte menos tempo para ele do que para eu que sou jovem. Mas fica-me o semblante da morte, sinto-a rondando, a morte são as letras, e a interpretação da metafísica de um medo, assim como a guerra, saudade ou mesmo impotência sexual. As intermitências do Sexo será mais real então do que da Morte? Penso que não, são todas palavras que dizem o medo que nós temos, pululam dos livros para nossa mente, para a vida, que pode ser tão bela e metafísica em uma sala de espera de hospital na chuva, com todo um mistério humano , terror, ânsia do que em uma aventura amorosa qualquer. As palavras, sempre as Palavras.