domingo, 11 de março de 2018

Para encerrar Domingo - Vince Guaraldi

Maestro, pianista, famoso pelas composições para os "Peanuts" [Traduzido no Brasil como Snoopy]. Cadenciado, ritmo dos anos 50/60. Como bom californiano, influência do mambo, e do ritmo castelhano.
Destaque pra várias interpretações de compositores brasileiros.

Quando ouvir o som,
imagino um cubo gigante,
e nele personagens infantis,
dançam, choram, e caem com fumaças...
neva em nova iorque...
1958.

Artist: Vince Guaraldi
Album: Essential Standards
Label: Original Jazz Classics
Genre: Jazz
Year: 2009
1 Softly, As In A Morning Sunrise 00:00
Tracks:
2 The Girl From Ipanema 03:31
3 Moon River 08:51
4 Cast Your Fate To The Wind 14:12
5 Willow Weep For Me 17:22
6 Fascinating Rhythm 22:42
7 Since I Fell For You 25:30
8 The Days Of Wine And Roses 29:54
9 On Green Dolphin Street 35:19
10 Autumn Leaves 41:16
11 Corcovado 45:43
12 Greensleeves (Originally Issued Master Take) 49:08

quarta-feira, 7 de maio de 2014

O homem que se põe ao mundo.

Pobre filho
de pais e mães,
encastelado - onde se esconde - não sabe há quem busca
mas continua a se esconder.

vai os senhos e o
tempo e por lá continua.

Não se despreza a
comodidade - mas
se busca um outro
lado. O lado dos
que estão fora, fora e veem
a luz taumaturga
das coisas que afingem e libertam.

segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Enxerto Romeno


Madame Chanchanou caminhava pelas ruas fria de Bucareste, ao leste, prédios elevados a oprimiam, junto com a sujeira, as vestimentas Adidas/Cordão de Ouro/Cabelos Xucros de seus habitantes, que falavam em um Russo com Italiano mal dito e sem prazer algum na linguagem. De fato Mme. Chanchanou não era romena e sim francesa, no entanto durante um uma sessão do subúrbio de Clermont Auvergn habitada por trabalhadores braçais de Michellan, vulgo proletários sem escolarização e por seu modo imigrantes Mme. Chanchanou conheceu Estaphan Dedelus. Saíram os dois de uma amostra de cinema Romeno, o filme era uma obra do tempo comunista, com grande propaganda dos prados centrais europeus, com um povo que lutava por sua identidade sem antes esquecer os prazeres da vida. Ambos se dirigiram a um pequeno café na rua N. de N. O Café Du Progress, pediram ambos café, um na frente do outro, sem maniqueísmo. Messie Dedelus retirou um livro de sua bolsa de Couro vulgar sem identificação de fabricação. O livro era Madame Bovary, ao mesmo instante Chanchanou que se achava uma pequena caipira e gostaria de conhecer o mundo, e sem dúvida já havia lido O livro de Monsieur Flaubert ficou surpresa e feliz com o ato do rapaz, muito bonito, vestindo um paletó Cotellet. Com seus olhos direcionados sem premeditação e sem perceber o tempo, ao mesmo tempo que Estephan já havia folheado 5 folhas do romance contorcendo em alguns momentos o rosto como se fosse um jovem aprendendo as primeiras letras, ao pegar um cigarro e no ato de acender olhou diretamente nos grandes olhos desmesurados e marrons como chocolate de Mademoiselle Chanchanou. As vistas se turvaram e típico da juventude sentiram imediatamente ambos um certo desejo de baixar as vistas e certa tremedeira nos antebraços, braços, ombros, panturrilhas e esfriamento dos pés ao contato do chão em seus calçados.

terça-feira, 3 de setembro de 2013

Nunca compreendi muito bem como alguém pode se interessar por uma praia, um pedaço azul de água num infinito de dúvidas, de desejos esparsos, de sol, de sexo frio e desnecessário. Não sei como as pessoas andam as noites nas ruas não sendo nuas, uma loucura andarem sem walkmens ouvindo creep do radiohead enquanto eu escrevo isso e penso em usar aquele alucinógeno branco e penso em minha saúde, e esqueci virgulas e esqueço pontuações dispersas com sons de baixa qualidade 320kbh e não sei o quanto mais um texto qualquer que se perde perde perde perde

ouvir smiths
ouvir minha mãe
ouvir paulinho da viola
ouvir o coração
ouvir o inominável
DIOS DONDE ESTAS SU GRANDESISIMO HIJO DE PUTA?

Mediterrâneo - Não sei mais quando foi

Eu tive tudo

Mais a ti não pude ter,

Doce poesia azul

Como as ondas do oceano,


Mediterrâneo


Ou Recife

Ou Copacabana

Ou sempre só

quarta-feira, 29 de maio de 2013

Lixo Extraordinário


Regularmente três vezes por semana Luiz Emanuel escrevia um bilhete que se repetia a frase, “a aquele que ler esse pequeno papel saiba que quem o escreve é  um ser só, que como uma maquina antiga sem serventia nesses tempos modernos ou uma pilha a se reclicar escreve à alguém que o saiba em busca de um amor que ao encontrar esse bilhete sem pilhéria e comigo se junte em afinidade eletiva”. Contudo Luiz Emanuel não se apercebia dos bilhetes que punha ao lixo nos dias de coleta, que não sendo como garrafas ao mar logo se perdem na maquinaria e nos entulhos, se tornando se muito xisto para produção de energia nas fábricas aludidas sustentáveis.
Assim os dias foram passando, aos que se interessarem Luiz Emanuel era de V., região com seus quase dois milhões de habitantes, esperava ele que entre estes exatamente 1.751.71 pessoas que o lesse, isso descontando os analfabetos, que poderiam assim mesmo se interessar por uma mensagem e talvez se alfabetizarem para ler, outros tantos que abandonam esse teatro mundano para outras paragens, que seja pela idade carcomida dos velhos ossos, da luta inaudível em becos escuros ou pelo acaso qualquer que nos abandona a própria sorte na atuação sem ensaio como escreveu certa poeta. Além desses a os muitos desterrados que buscam outras direções, e esses são muitos dessa terra de transatlânticos. Por fim os nascidos que são muitos e desses muito novos não se espera tal metafísica de solidão pois ainda estão no útero ou no sobejo materno tão bom em nossas infâncias.
De outro modo não diferente do destino humano os dias foram se sucedendo, os climas quentes, e úmidos, as friagens que para um pobre Alemã é um grandíssimo verão, passava-se os governos dos Trabalhistas e dos Social Democratas e ficava o caminhão do lixo , os bilhetes e sua solidão errante. Mas por medo do destino errar ao seu encontro, resolveu a muito escrever variadamente bilhetes em profusão, nas mais um bilhetinho, mas vários postos, aumento gradativamente, pensou ele que em quantidade maior suas possibilidades aumentariam, contudo há que se der ao fato que escrevia todos a mão, odiava as maquinas amórficas da modernidade que o fazia sentir um certo sentimento de aluir ao todo, queria ao seu modo ser ele mesmo.
Lá pelas tantas passado alguns meses ou anos quiça, ao que nosso personagem novo ao tempo não sentindo muito seu senso da idade que o impregnava a pele e  vendo o telejornal local matutino enquanto escrevia os tantos bilhetes viu e ouviu a noticia “agora meus caros cidadãos de v. , a região metropolitana fará um acordo de reciclagem de lixo, a todos então aqueles que desejarem nesses primeiros meses separem seu lixo selecionado nos dias pares, da seguinte maneira, etc...”. Luiz Emanuel teve uma visão, talvez agora dessa maneira melhor seu amor encontraria em um saco de lixo de papeis seu bilhete, contudo como selecionado e sustentável quereria fazer algo diferente, e assim todos os dias de coleta escrevia algum bilhete relacionando ao seu amor perdido, o primeiro foi do seguinte modo “A aquele que ler esse bilhete de um homem solitário que busca seu amor em um local ao qual o destino encontra, pense que nesses tempos onde todos julgam-se no planeta e em sua salvação com práticas não degradantes ao ambiente guarde esse bilhete e não o desperdice”. Assim foi por uns tempos, em dias que amanheciam chuvosos escrevia “Nesse dia chuvoso ao papel que não se molhar nem a dama que este aqui ler saiba que por um amor busco, etc...”. Outro dia no interim, durante um período lá pelas tantas de chuva e sempre cinza resolveu modificar um pouco e escreveu um poema de Pessoa “O dia deu em chuvoso, Já acordei meio triste de amanhã, E o dia deu em chuvoso...” .E por ai começou a escrever não somente suas percepções como pequenos poemas.
Foi na mudança de governos, “sensato povo que elegeu os trabalhistas, que pensam estes nos mais desfavorecidos, no bem estar de toda população brasileira”. Em outros anos falava dos opositores “Que os sociais democratas modernizem o país e ao oposto do último governo limpem as maquinas de todo inchaço desses políticos e sindicalistas que se aproveitam da burocracia Estatal ,etc...”. Nesses dias politizados escolhia ao fim um poema de Drummond , Da Rosa do Povo ou Sentimento do Mundo, alguns até Maiákoviski. Em outros menos politizados escrevia poemas diversos. Um dia contudo resolveu do próprio punho tentar explorar seu sentimento, sua solidão e tristezas e as vezes sua felicidade que se dava por algo mais sublime, mas como tão pessoais como todos poemas são resolveu para si guardar”. Assim passaram os anos, e Luiz Emanuel terminou a faculdade, começou a dar aulas, continuo a estudar no mestrado, e continuou a mandar as mensagens nos dias de coleta de lixo, já muito desesperançado.
Muitos diriam que Luiz Emanuel era homem feito e poderia achar um amor como fazem todos nas mesas de bar, nos shows de rock ou mesmo com amiga de amigos como comumente ocorre. Mas Luiz Emanuel era um tipo diferente como mesmo ele sabia já nos primeiros bilhetes, ponderava que seu modo estranho era fora do modo comum, meio fechado à seus livros  e suas ideias mirabolantes, fugindo daquilo da moda e assim sendo emborrecido aos outros.
Mas o destino que levou Odisseu de volta para os braços de Penélope fez algo curioso ao nosso macabumzio escritor de lixeiras. Um dia no centro de triagem por um acaso percebeu uma catadora um bilhete com um poema, viu uma beleza tremenda, neste dia  fora escrito um poema de Cora Coralina no dia das mulheres “Que pretendes, Mulher? / Independência, igualdade de condições.../ Empregos fora do lar? /  És superior àqueles / que procuras limitar. Tens o dom divino de ser mãe/ Em ti está presente a humanidade.” . Logo a recicladora fora perguntar de que região veio aquele papel ao logo que coletores que lhe informaram que viera de V. A isso a coletora todos os dias esperava algo que da li viesse, e percebeu que realmente vinham sempre mensagens, poemas e todos esses começou a colar no muro na área de descanso dos trabalhadores . Já com o muro repleto, até que um dia parou de receber os tais bilhetes na reciclagem, mas já fora o bastante para que a todos que liam os poemas se interessassem mais e começassem a reciclar livros e a ler de forma que um dia em um desses passeios escolares para que os jovens saibam a onde vão  parar seus papeizinhos de bala e seus brinquedos perdidos ou quebrados , juntos foram levados com um grupo de professores que acompanhavam os alunos para conhecer uma biblioteca dos trabalhadores do local.  Ao chegar perguntaram de quem fora a ideia, e como aquilo havia chegado nesse modo, que uma logo respondeu que fora a primeira a perceber os poemas e mensagens que chegavam pelos caminhões de coleta, de um certo Luiz Emanuel que titulava um “homem solitário/ em busca de um amor/ no mar da urbe/ que e seu lixo/ que diz a todos/ de verdade quem é./ E nada digam no futuro/ Que por meu amor busquei.” Fora esse último poema escrito e depois a já alguns meses nenhuma mais chegava, contudo tão bom eram os poemas que todos resolveram ler um pouco mais e assim foi indo. A professora de português percebendo os vários poetas dos bilhetes na parede da área de descanso agora tornando em uma biblioteca de qual parte da cidade partiam os bilhetes e se sabiam quem era Luiz Emanuel que escrevia os poemas, a nenhum soube responder mas disse que poderia ficar com o poeminha e se quisesse por ele saber um dia voltasse para falar quem era esse poeta apaixonado dos lixos”.

A professora de literatura, em extrema curiosidade procurou por esse homem de nome Luiz Emanuel, nas listas telefônicas, nas livrarias e bibliotecas, até pela Internet e nada de se deparar com esse homem de alma singela e sincera, que lhe dava certa tristeza em imaginar tão só. Como todas histórias que devem ter lá seu final feliz ou ao menos aceitável como um teatro onde se morre ou se beija a donzela a professora participando de um encontro de literatura na universidade por um acaso se da em uma sala errada onde se discute os contos de Veríssimo , o filho. E um palestrante comenta um sobre um casal que se encontra ao depositar ao lixo, e como o autor trabalha a questão relacionada do que se pode ser vendo o lixo de outro. A professora ficou extasiada e após o termino das comunicações fora conversar com o palestrante e perguntou de forma singela seu nome pois havia de fato gostado muito de sua análise do lixo , do amor e da literatura, Há que esse respondeu que se chamava Luiz Emanuel, professor titular de literatura nesta universidade, do mesmo modo ela respondeu , e você como se chama, Maria Aparecida, professora de português na escola i., e declamou aquele último poema, ao mesmo momento Luiz Emanuel ficou pálido, atônito para saber como havia ela descoberto tal poema, de onde haveria de ter posto a mão nesse bilhete, respondeu então sobre o ocorrido do passeio e de sua curiosidade ao ver os poemas e as mensagens tão sentimentais e verdadeiras. Ao passo que os dois pelo dia afora ficaram conversando na cafeteria até que viessem pedindo para fecharem o local. Nesse ínterim falaram de tudo de suas vidas e nada esconderam como se todas as mensagens fossem ágoras resumidas em um dia, toda sua vida, seus dissabores, sua  solidão , suas leituras dos poetas que como ele amaram e vivera, explicou o porque dos bilhetes ao lixo e de como era antiquado, mas Maria Aparecida gostou de como era Luiz Emanuel, e por muitos conversaram e por outros tantos saíram, e logo por um dia juntaram o que tinham, e começaram a compartilhar seus lixos que pelo que se tinha sabia-se um casal feliz, ainda que em anos eleitorais os trabalhistas e os social democratas dividiam meio a meio o saco de papel com seus santinhos.